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Os professores que ontem foram massacrados podem ser a chave para
enfrentar esse processo configurado na República do Paraná. O Brasil tem uma dívida histórica com esse segmento e
não há nada melhor do que investir em educação para se derrotar a estupidez e a
barbárie.
Por Renato Rovai, no seu Blog do Rovai (Portal Fórum), de 30/04/2015
Ontem o Brasil viveu um dos episódios mais chocantes da história da luta
dos professores em defesa da educação e dos seus direitos. A barbárie
perpetrada em Curitiba pelo governador Beto Richa e o seu secretário de
Segurança Pública, Fernando Francischini, com centenas de educadores feridos,
demonstra o quão violento é o braço político-judicial que se arma a partir do
Paraná com o objetivo de endireitar o país.
Francischini é o símbolo mais caricato dessa troika. Ele se tornou
secretário de Segurança do Paraná depois de ter virado símbolo nacional de uma
guerra ao PT e aos direitos humanos na internet. Com uma ação muito bem
coordenada na rede, esse inexpressivo delegado foi se tornando ícone daquela
gente que desfilou no dia 15 de março fazendo selfies com a PM e portando
faixas de intervenção militar.
A estratégia deu certo e lhe rendeu 160 mil votos, praticamente 3%
do total do estado, o que é bastante para um candidato a cargo proporcional. E
já em dezembro de 2014 Beto Richa nomeou-o secretário de Segurança Pública.
Até aquele momento o governador do Paraná era o bom moço que tinha sido
reeleito no primeiro turno e que se vendia ao Brasil como eficiente
administrador público. Já havia quem o recomendasse como uma opção tucana,
inclusive, para disputar a presidência da República.
Do mesmo Paraná, o juiz Sérgio Moro foi se consolidando no final do ano
passado como o algoz da corrupção. Impôs um estado policial no país a partir de
sua jurisdição e se tornou o nosso Eliot Ness tupiniquim.
O 15 de março foi em boa medida construído a partir do que essa
República do Paraná oferecia ao Brasil: combate à corrupção, guerra ao PT e aos
direitos humanos. Inclusive a guerra suja na internet tem sido fortemente
operada a partir do DDD 41, por gente que trabalha em gabinetes de
parlamentares e em governos.
Ontem essa República do Paraná, porém, testou um dos limites mais caros
à democracia. Ela não se importou em colocar suas tropas para massacrar
professores.
Ao mesmo tempo, também ontem se descobriu que o delator do senador
Anastasia, o policial federal conhecido por Careca e que foi libertado por
Sérgio Moro, está foragido. Ou seja, o inquérito contra o parlamentar fica
interrompido enquanto isso.
O jogo começa a ficar mais claro. A Operação Paraná mostra sua
verdadeira face. E se por um lado isso deixa a disputa mais transparente, por
outro é preciso saber como jogar esse novo jogo com uma nova direita violenta e
golpista que se mostra articulada em várias esferas.
Os professores que ontem foram massacrados podem ser a chave para
enfrentar esse processo. O Brasil tem uma dívida histórica com esse segmento e
não há nada melhor do que investir em educação para se derrotar a estupidez e a
barbárie. Parabéns, professores do Paraná, vocês tiraram o bicho da toca.
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