Lideranças sindicais estão em pé de guerra contra o PL-4330 e prometem voltar às ruas nesta semana (Foto: Internet) |
A terceirização ampla, geral e irrestrita afronta o
estágio atual do processo civilizatório ao coisificar o ser humano em toda e qualquer
atividade laboral.
Por Osvaldo Ventura (advogado e escritor – membro da Academia Feirense
de Letras) – recebido via e-mail do companheiro Antônio Carlos Pereira dos Santos
Diante do
revival de pregações retiradas do fundo de um abjeto baú nazi-fascista, as
classes dominantes nativas, sem escrúpulo de qualquer ordem, volveram os olhos
para o aterro sanitário da História e tentam desenterrar das profundezas do
século XIX a degradante condição de escravo e seu corolário de ignomínias.
Sim, porque se
condena a terceirização
das atividades meio, mas nela existe uma complacência lógica.
Entretanto, a terceirização ampla, geral e irrestrita afronta o estágio atual
do processo civilizatório ao coisificar o ser humano em toda
e qualquer atividade laboral. O trabalhador passa a ser alugado por um eventual locador, ou seja,
um locador direto, que, por sua vez, é locatário de um empresário que se torna
locador indireto do infeliz contratado.
Ao ser reificado, o desditoso terceirizado perde aquilo que lhe é mais caro:
sua dignidade.
O resultado dessa
perversa mixórdia é a precarização
total das relações trabalhistas. Salários e benefícios
reduzidos, maiores jornadas de trabalho e o consequente aumento de acidentes e
doenças ocupacionais, enfim, a fragmentação de direitos trabalhistas e o
posterior desaparecimento de todas as conquistas de décadas de lutas. Se o
brado “Operários de
todo o mundo,
uni-vos” não ecoa
hoje tão fortemente devido
a menor exploração
do trabalhador, a
mais-valia, entretanto, nunca deixou de existir como regra determinante
na formação do Capital.
Ora, se a mais-valia,
fruto do trabalho
e pressuposto do capitalismo, obtida por um só patrão já
contribuía desde sempre para a concentração
de riqueza no mundo, agora, a dupla mais-valia, resultado de uma locação direta
e outra indireta, concentrará muito mais a renda na sociedade brasileira. E
maior concentração de
renda significa piores condições de vida para a maioria da
população.
Mas, se o
desastre ainda não aconteceu, vale o grito de alerta para todos os interessados: Futuros terceirizados do Brasil, uni-vos!
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