CHILE: MILHARES DE ESTUDANTES VOLTAM ÀS RUAS POR MELHORIAS NO SISTEMA EDUCACIONAL

Mais de 150 mil pessoas (20 mil, segundo a polícia) compareceram em todo o país aos atos por melhorias no sistema educacional chileno (Agência Efe/Opera Mundi)
Mobilização em diversas cidades do país reuniu 150 mil pessoas, segundo os organizadores; houve confrontos com a polícia e 134 foram detidos

Por Victor Farinelli, de Santiago – no portal Opera Mundi, de 16/04/2015

Em uma mobilização nacional, milhares de estudantes foram às ruas em diversas cidades no Chile nesta quinta-feira (16/04) protestar por melhorias no sistema educacional do país. Segundo os organizadores da marcha, 150 mil pessoas compareceram aos atos — 20 mil, nos cálculos da polícia chilena — realizados na capital Santiago, e em outras grandes cidades do país, como Concepción, Valparaíso e Antofagasta. Houve confrontos com a força policial e 134 manifestantes foram detidos.

Como acontece todos os anos, abril foi o mês escolhido pelo movimento estudantil chileno para iniciar a agenda de mobilizações. O ano de 2015 será decisivo para os universitários, já que estão previstos para tramitar no Legislativo chileno capítulos referentes à reforma do ensino superior.

As palavras de ordem dos protestos de hoje questionavam a medida, aprovada em janeiro, que proíbe a seleção de estudantes em escolas subvencionadas, financiamento educacional subsidiado pelo Estado chileno e também pago, em parte, pelas famílias dos matriculados. "Que o Chile decida a sua educação", era a frase adotada pelos manifestantes, que também protestavam contra os lucros dos empresários de instituições educacionais. De acordo com os organizadores, as mudanças afetarão boa parte das 5 mil escolas subvencionadas do país, que agregam 52% dos estudantes chilenos.

Os números do ato de hoje se aproximam do comparecimento às grandes mobilizações de 2011, ano em que os estudantes conseguiram pautar a crise no sistema educacional como tema prioritário na agenda política do país, lideradas pela jovem comunista Camila Vallejo, hoje deputada e presidente da Comissão de Educação da Câmara de Deputados. Em 2014, durante o primeiro ano do mandato da presidente Michelle Bachelet, não houve grandes mobilizações estudantis — "mas não significa que perderemos força; vamos provar isso nesta marcha e em muitas outras que pretendemos fazer nos próximos meses", assinalou Valentina Saavedra, porta-voz da Confech (Confederação dos Estudantes do Chile).

“A jornada de hoje foi um começo, o movimento quer voltar a fazer política através das ruas, como em 2011, e com mais força, porque existe uma reforma em andamento e precisamos posicionar os interesses dos estudantes”, afirmou Saavedra.

A líder estudantil disse não considerar uma vantagem a presença no Parlamento de antigos representantes do movimento. “Eles agora fazem política dentro da instituição, não representam o movimento, e ainda que defendam as mesmas ideias que nós, imaginam que sejam uma minoria diante dos representantes da educação como negócio”, afirmou a estudante.


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