Boulos, Berna, Valente, Beto e Singer: consenso por uma Frente Popular e contra ajuste de Levy (Fotos: Escrevinhador) |
O deputado Ivan
Valente (PSOL) listou cinco pontos em torno dos quais poderia ser construída a
frente: combate ao ajuste fiscal de Levy; democratização dos meios de
Comunicação; reforma agrária e combate ao latifúndio; defesa da Democracia e
rechaço ao golpismo; e defesa dos direitos trabalhistas.
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador (Portal Fórum),
de 23/03/2015
O debate ocorrido neste fim-de-semana
em São Paulo, numa quadra da CUT, foi simbólico por muitos motivos.
Primeiro, mostrou o grau de
esgotamento do PT, como força renovadora de esquerda. Sob impacto do
avanço da direita no Brasil, militantes de esquerda se reuniram atraídos pelo
tema: “Direitos Sociais e Ameaça conservadora”.
Mas não foi um debate organizado pelo Partido dos
Trabalhadores – principal alvo da fúria direitista do dia 15. O PT segue
acuado, quase mudo. Havia na plateia do debate muitos petistas, mas sem camisas
nem símbolos petistas. Isso tudo num evento organizado pelo PSOL
Mais que isso: na mesa, estavam dois ex-auxiliares
de Lula – Frei Beto e André Singer (hoje, professor da USP, e que segue filiado
ao PT). O debate, realizado na “Quadra dos Bancários” (histórico ponto de
encontro dos militantes da CUT e do PT), reuniu quase mil pessoas no sábado à
tarde.
Foi o deputado federal Ivan Valente (do PSOL) quem
cumpriu o papel de criar aquele espaço de reflexão, abrindo o microfone também
para Guilherme Boulos (MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e Berna
Menezes (sindicalista ligada ao PSOL).
Quase mil pessoas: na casa do PT e da CUT, a esquerda se reúne (mas sem a presença oficial do PT) |
As críticas ao governo Dilma foram
duras. E generalizadas. Boulos disse que “o governo é indefensável”,
e foi mais longe: “ou o governo reverte o modelo, baseado
no ajuste liberal, ou em breve o golpismo terá base popular nas ruas”.
A avaliação do líder do MTST é de
que, apesar da queda de popularidade de Dilma, quem está na rua por enquanto
protestando contra o PT é um setor mais radicalizado de direita e
comandado pela classe média. Boulos, no entanto, diz que um ponto deveria
preocupar os petistas: “a massa trabalhadora, que votava no PT
até hoje, ficou em casa dia 15, mas aplaudiu os protestos porque não
aguenta mais”.
Ele reconheceu os avanços sociais da
era Lula, mas reafirmou a posição do MTST de que o modelo de conciliação do
lulismo se esgotou. “2013 foi um aviso, mas parece
que o PT não entendeu”.
Comentários