“Como posso entrar numa batalha judicial com o
diretor de jornalismo da Globo, cujos proprietários têm uma fortuna maior que a
de Rupert Murdoch, o magnata australiano dono de um império midiático nos EUA,
maior que a de Berlusconi, proprietário de vários canais de TV na Itália e um
dos principais expoentes da direita europeia?”
Como
posso entrar numa batalha judicial com o diretor de jornalismo da
Globo, cujos proprietários têm uma fortuna maior que a de Rupert
Murdoch, o magnata australiano dono de um império midiático nos EUA,
maior que a de Berlusconi, proprietário de vários canais de TV na Itália
e um dos principais expoentes da direita europeia? - See more at:
http://www.ocafezinho.com/2015/02/20/carta-aberta-ao-povo-brasileiro-liberdade-de-expressao-em-risco/#sthash.KCOrOQgo.dpuf
Por Miguel do Rosário, no seu blog O Cafezinho, de 20/02/2015
Dirijo-me
ao nobre e valoroso povo brasileiro, na qualidade de um cidadão atingido por
uma absurda violência política, e que não afeta somente a mim, mas o
coletivo e a própria liberdade de expressão de uma nação continental.
Trata-se
de um processo movido contra mim
por Ali Kamel, empregado da família mais rica do país.
Mais rica
e que controla um dos maiores impérios de mídia do mundo.
Não creio
que, em nenhum país democrático (com exceção talvez da Itália, que tem o seu
Berlusconi), exista um grupo que reúna tanto poder financeiro e midiático como
a Globo.
Pois o
empregado deste grupo, e não qualquer empregado, mas o seu diretor-geral de
jornalismo, pediu-me, e venceu na justiça, uma indenização de mais de R$ 20
mil, a qual, acrescida pelos custos judiciais, me custarão mais de R$ 30 mil.
O
processo já terminou. Ele venceu na segunda instância e não conseguimos chegar
ao Supremo Tribunal de Justiça. Não há mais como recorrer.
O juiz
mandou executar e terei de pagar o montante em alguns dias.
E qual a
razão do processo? Simplesmente porque fiz uma crítica política à
empresa para a qual ele trabalha.
Não
ataquei sua honra. Não o chamei de ladrão ou corrupto. Não pedi sua demissão.
Apenas
disse que ele trabalhava para uma concessão pública que, na minha opinião,
merece ser criticada.
Para não
faltar com a verdade, os únicos adjetivos que dirigi ao autor da ação, e que
poderiam ser considerados pessoalmente ofensivos, foram: sacripanta e
reacionário. E me referia a ele enquanto diretor de jornalismo da Globo, a
concessão pública líder de audiência no país.
O dia em
que todos forem condenados porque chamaram, num artigo político, o diretor de
jornalismo da maior concessão pública de um país, de “reacionário” e
“sacripanta”, será o último dia de liberdade no Brasil.
Creio se
tratar de um desses casos emblemáticos que podem influenciar o país durante
muitos anos.
Até
porque, neste momento, já são vários blogueiros agredidos judicialmente pelo
mesmo personagem, ou pelo mesmo campo político.
É um fato
notório o mal que a concentração da mídia faz à democracia, um mal denunciado
por inúmeras organizações nacionais e internacionais.
Comentários