Corpos dos jovens no Hospital Roberto Santos, em Salvador-Bahia (Foto do site Ponte.org) |
Revolta e causa
indignação um governador eleito pelo PT (Rui Costa) endossar sem investigação a
ação da polícia, historicamente autoritária e não raro agindo fora da
lei.
O uso de
metáfora futebolística de modo tão inapropriado só aumenta a gravidade
de como está sendo conduzida a ação do governo baiano diante da chacina
de 12 jovens negros no Cabula (bairro popular de Salvador, capital do estado da Bahia):
Segundo Rui Costa é preciso, em poucos segundos, “ter a frieza e a calma necessárias para tomar a decisão certa”. “É como um artilheiro em frente ao gol que tenta decidir, em alguns segundos, como é que ele vai botar a bola dentro do gol, pra fazer o gol”, comparou. “Depois que a jogada termina, se foi um golaço, todos os torcedores da arquibancada irão bater palmas e a cena vai ser repetida várias vezes na televisão. Se o gol for perdido, o artilheiro vai ser condenado, porque se tivesse chutado daquele jeito ou jogado daquele outro, a bola teria entrado”, continuou.
A matança da
população jovem, do sexo masculino e da cor negra, no país é algo tão
naturalizada que não indigna e nem comove a população brasileira. Ao
contrário, possíveis vítimas nas favelas, morros e periferias dos
grandes centros vivem legitimando tais ações e pedindo ‘pena de morte’
para os ‘bandidos’. Como se a pena de morte pra este grupo populacional
já não existisse.
Vários
programas em todos os canais televisivos expõem corpos negros cravados
de bala, mutilados, ovacionam ações ilegais da polícia, repetem várias
vezes cenas de tortura, linchamentos na hora do almoço e jantar.
Âncoras de telejornais louvam pitboys brancos, de classe média, justiceiros que amarram e espancam adolescentes negros em postes.
Ao serem questionados de usar uma concessão pública para estimularem o
crime, desqualificam a luta pelos direitos humanos e debochadamente
anunciam: “Está com dó? Leva pra casa”. E quando se descobre que os jovens de classe média justiceiros traficavam drogas não
há nenhum comentário de retratação no horário nobre ou qualquer
tratamento desumanizador diante do caso já que os bandidos em questão
são brancos e de classe média.
70% dos jovens
assassinados no Brasil, ano após ano, são da cor negra. Isso tem de
significar algo, mas não significa. A mentalidade escravagista, que
desumanizou a pessoa negra no Brasil continua firme e forte. É o que faz
um governador, eleito pelo PT, fazer um dos discursos mais lamentáveis
da história.
Clicar aqui para ler, no Correio Nagô, a matéria 'Testemunha diz que vítimas da chacina do Cabula (BA) estavam rendidas', e ver o vídeo com a fala do governador baiano, aplaudida por uma plateia de policiais militares (da PM, a polícia militarizada dos estados brasileiros).
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