Capitanich classificou a investida contra a presidente como uma expressão do golpismo (Foto: Agência Efe) |
Para
chefe do Gabinete da presidência, trata-se da maior “operação de golpismo
judicial ativo já conhecido na história argentina”
Por Opera
Mundi, de São Paulo, de 13/02/2015
O promotor argentino Gerardo Pollicita levou adiante a denúncia feita por Alberto Nisman e indiciou a presidente Cristina Kirchner, nesta sexta-feira (13/02), por suposto favorecimento ao Irã na investigação sobre os responsáveis pelo maior atentado terrorista ocorrido na Argentina, contra a Amia (Associação Mutual Israelita Argentina). Além da mandatária, foram indiciados o chanceler, Héctor Timerman, e os demais envolvidos no relatório de 300 páginas escrito pelo promotor Nisman.
A denúncia é a mesma que foi apresentada por Nisman em 14 de janeiro, quatro dias antes de morrer. Nela, o promotor dizia existir um “plano criminoso destinado a dar impunidade aos investigados iranianos acusados na causa Amia”. Tal decisão foi tomada, de acordo com Nisman, por Cristina Kirchner. O caso será investigado pelo juiz Daniel Rafecas, que voltará das férias para assumir o caso. No começo do mês, o magistrado havia sinalizado que não analisaria a questão.
Isso porque Nisman, ao invés de apresentar a nova denúncia à Câmara, a entregou ao juiz Ariel Lijo, que investiga a manobra de encobrimento dos responsáveis, motivo pelo qual foram processados, em 2009 e 2012, o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), o chefe da SIDE (Secretaria de Inteligência de Estado), Hugo Anzorreguy, e o juiz Juan José Galeano. Lijo também se declarou incompetente para assumir o caso.
“Golpismo”
A Casa Rosada tem rechaçado veementemente as denúncias. Também nesta sexta (13/02), o chefe do abinete, Jorge Capitanich, denunciou que o governo enfrenta “a maior operação de golpismo judicial ativo já conhecido na história argentina”. O secretário geral da presidência, Aníbal Fernández, por sua vez, qualificou o indiciamento de “manobra de desestabilização antidemocrática”.
A presidente da Procuração do
Tesouro, Angelina Abbona, responsável pela defesa do Estado, criticou a tese:
“Não existe nenhuma prova sequer de caráter ‘indiciável’, que demonstre a existência
de condutas atribuíveis à presidente da Nação ou funcionários do governo
nacional que possam ser enquadrados em crimes penais”.
O órgão apresentou hoje à Justiça
documentos "juridicamente relevantes" para rebater a denúncia
apresentada pelo promotor Alberto Nisman.
Manifestação
Um grupo de fiscais convocou uma
marcha do silêncio para a próxima quarta-feira (18/02) em homenagem a Nisman.
Opositores do governo confirmaram presença na manifestação, que é classificada
pelo governo como “oportunista”.
“Todos os cidadãos têm o direito de
se manifestar, especialmente os políticos e seus partidos, mas quando um é
funcionário do Poder Judicial deve tomar precauções, já que integra um dos
poderes da nação e isso implica certas responsabilidades”, comentou o deputado
Jorge Landau, do Partido Justicialista.
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