(Ilustração reproduzida do Tijolaço) |
À guisa de comentário aos
artigos dos companheiros Fernando Brito (no Tijolaço – A política é o convencimento)
e Miguel do Rosário (em O Cafezinho – Hipocrisia, impeachment e autismo
político), ambos de ontem, dia 9.
Por Jadson Oliveira (jornalista/blogueiro) –
editor do blog Evidentemente, de 10/02/2015
Miguel
do Rosário denuncia bem a eficiência do Ministério Público Federal no trabalho
de criminalizar o PT e livrar a cara dos tucanos, assim como tem destacado –
juntamente com outros blogueiros “progressistas” ou “sujos” – a partidarização
de ações do Poder Judiciário e também da Polícia Federal.
Ao
lado disso, de modo geral, ganha realce o descalabro do governo do
PT/Dilma/Lula no manejo da área de comunicação e, SOBRETUDO, a ação permanente
da conspiração através dos meios hegemônicos da mídia.
Miguel do
Rosário pergunta à certa altura: “Como alguns blogs poderão fazer frente à mais
poderosa e mais concentrada mídia do planeta?” E continua: “A mídia vai
repetindo a mesma ladainha, as mesmas mentiras e manipulações, indefinidamente”...
Já
Fernando Brito, uma espécie de porta-voz da indignação nacionalista do velho e
querido Brizola, fala do choque com os resultados do último Datafolha e se envereda
também pelos “descaminhos da comunicação do governo”, inclusive citando o
Nassif.
E aventa
uma sugestão, que nos afigura realmente uma saída ideal para um governo
encurralado, acuado, como o nosso, mas de muito complicada aplicação: ter a
Dilma como a “gerentona” eficaz que ela é e, ao mesmo tempo, o Lula como o
“falador”, o “convencedor”, o comunicador, que é o dom que Deus lhe deu.
Comentários
ao artigo de Fernando Brito chegam a aventar a necessidade do governo contar
com o concurso do Ciro Gomes e do Roberto Requião, bons quadros, de provada
combatividade, do nosso time.
Pois bem.
Este jornalista/blogueiro aqui, do alto de sua irrelevância, repito ad nauseam minha
sugestão: as forças do campo democrático, popular e de esquerda (incluindo aí
parcelas do governo) precisam ter uma potente mídia contra-hegemônica: jornais
diários, revistas, emissoras de TV e de rádio (incluindo as comunitárias), além
de reforçar e expandir a blogosfera “progressista” ou “suja”.
Ou seja,
construir uma poderosa rede de veículos de comunicação, comprometida com uma
visão política de cunho democrático, popular e nacional. Que sejam o quanto
possível bem feitos tecnicamente, que possam fazer um trabalho jornalístico,
honesto, à altura da necessidade da boa informação de que tanto carecem os
brasileiros. Podem ser privados, públicos, estatais, comunitários, de
cooperativas, partidos, sindicatos, movimentos, a depender das forças e
circunstâncias.
Ou seja,
possuir armas e munições para se defender, para atacar e, muito especialmente,
para criar e conduzir sua própria agenda política e social, para disputar em
condições de igualdade a hegemonia política e cultural. Cultivar e disseminar valores
humanitários, sem os quais a vida se torna uma merda (valores do Buen Vivir,
como pregam muitos irmãos da Pátria Grande sul-americana).
Só para
reforçar o que venho dizendo e repetindo: por que será que o governo da
Venezuela tem aguentado o bombardeio da direita golpista, apoiada acintosamente
pelo império estadunidense? Por que diabo ainda não conseguiram derrubar o
sucessor do “tirano” Chávez?
Respondo:
porque lá nossos bolivarianos (além de terem um povo mobilizado e Forças
Armadas também bolivarianas) têm bala na agulha em matéria de comunicação: uma
potente rede de meios contra-hegemônicos. Só para citar um item: quando estive
por lá, em 2012, na última eleição de Chávez, eles tinham seis emissoras de TV
(além das comunitárias), duas delas atuando no front da política: a Venezuelana
de Televisão (VTV) e a Telesur.
(Quero
dizer: internamente, eles têm armas tanto para a defesa como para o ataque,
mesmo que no exterior, como no Brasil, por exemplo, eles sejam vilipendiados,
caluniados dia e noite, permanentemente pelos monopólios da mídia. Na maioria
dos países, como no Brasil, por exemplo, sem o mínimo contra-ponto).
No último artigo que escrevi sobre o assunto neste
meu blog Evidentemente (Precisamos
lutar pela construção duma mídia contra-hegemônica – clicar aqui para ler),
deixei a sugestão de debate:
“Penso
que, além da blogosfera “suja”, há entidades credenciadas a tocar tal
discussão: o Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações (FNDC), o
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, e as frentes de luta
recém criadas: Fórum 21 e Frente pelas Reformas Populares”.
Clicar
para ler os dois artigos mencionados: o de Fernando Brito e o de Miguel doRosário.
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