JOSÉ SERGIO GABRIELLI: "A PETROBRAS NÃO É UMA BODEGA"

Petrobras
Gabrielli sobre a compra da refinaria nos EUA: "Foi um bom negócio" (Foto: Wanezza Soares/Carta Capital)
José Sergio Gabrielli, ex-presidente da estatal, fala de Pasadena, denúncias de corrupção, Abreu e Lima etc.
 
"A Petrobras assina 240 mil contratos por ano. Em 2013, faturou 370 bilhões de reais e investiu 45 bilhões de dólares. Não posso admitir a conclusão de que a ação de dois ex-funcionários contaminou a empresa inteira".
 
Por Mino Carta e Sergio Lirio, no site da revista Carta Capital - publicado 15/01/2015 10:15

À espera de uma análise definitiva do Tribunal de Contas da União sobre a compra da refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, e afetado pela histeria em torno das denúncias de corrupção na Petrobras,  o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli enxerga uma ação política do recém-aposentado ministro do TCU José Jorge, que presidiu o DEM e ocupou cargos no governo Fernando Henrique Cardoso. “É um desrespeito à realidade”, define o parecer de Jorge sobre a aquisição da famosa refinaria de Pasadena. A seguir, Gabrielli fala do escândalo na estatal e de como ele tem o poder de afetar a empresa e o Brasil.

CartaCapital: Como uma empresa do porte da Petrobras, com tantos níveis de controle interno, não detectou as malandragens do ex-diretor Paulo Roberto Costa e companhia?


José Sergio Gabrielli: Quando todos os procedimentos internos são seguidos corretamente, como foi o caso, não é possível detectar ações inadequadas. O que tem sido denunciado por conta da Operação Lava Jato, e ninguém sabe exatamente os detalhes, pois o acesso às informações é limitado e há vazamentos seletivos, é um só fato: operações entre fornecedores e entre fornecedores de fornecedores sem relação direta com a Petrobras. Como a empresa poderia controlar essas negociações?

CC: Os valores das obras não estão muito acima do previsto? Isso por si só não seria um indício?
 
JSG: Vamos entender melhor essa história de sobrepreço, de superfaturamento. Existem ações no Tribunal de Contas da União, com base em conclusões de auditores. É normal. Ao longo do processo no tribunal, de 90% a 95% das primeiras conclusões dos auditores são revistas. O auditor, por definição, tem de levantar e informar todas as suas suspeitas. Aí abre-se um processo de defesa, onde se apresenta o contraditório, fornecem-se as explicações. Nesse momento não há nenhuma decisão no TCU a respeito de Pasadena, do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco. Não é certo apontar um superfaturamento generalizado nas operações da Petrobras. Vários fatores têm sido ignorados. Cito um deles: o monumental volume de investimentos da companhia provocou um aquecimento no mercado de equipamentos e serviços. Os preços subiram por causa desse aquecimento da demanda.

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