Guilherme Boulos (Foto: Mídia Ninja/Carta Maior) |
Enquanto milhares de trabalhadores da Volkswagen continuavam a greve contra demissões (encerrada com a readmissão dos demitidos), o líder do MTST previa um ano movido a greves e protestos.
São Paulo - A ascensão do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), capaz de ocupar em horas terrenos destinados à especulação imobiliária a algumas quadras do estádio da Copa do Mundo em São Paulo, confirma que, no Brasil, as organizações sociais ainda contam com um peso equivalente, e às vezes com maior poder de convocação, ao dos partidos progressistas. O MTST participou das marchas multitudinárias de junho de 2013 e voltou a fazê-lo nas do ano passado, mas sem se prestar à armadilha desestabilizadora realizada pela direita, interessada no fracasso (que não houve) da Copa do Mundo.
“Acho que 2015 será um ano movido a protestos de rua e greves”, antecipa Guilherme Boulos, líder dos “sem teto”, enquanto milhares de trabalhadores da Volkswagem continuavam a greve contra a demissão de 800 companheiros (já encerrada com a readmissão dos demitidos), recebendo a solidariedade dos trabalhadores da Mercedes Benz e da Ford. Na sexta-feira, a polícia paulista, investigada pela ONU por execuções extrajudiciais, reprimiu com certo exibicionismo a marcha de vários movimentos sociais e estudantis contra o aumento da tarifa do transporte.
“A única forma de garantir conquistas é nos mobilizando”, assegurou o jovem Boulos durante a entrevista concedida ao Página/12, na qual falou de seu encontro com Lula para formar uma frente de esquerda. Também disse estar disposto a dialogar com a presidenta Dilma Rousseff e comentou declarações do ministro (da Economia, da Argentina) Axel Kicillof.
Que balanço você faz da sua reunião com o Lula?
Consideramos importante e interessante que o Partido dos Trabalhadores e o presidente Lula defendam uma agenda de esquerda, o que levaria ao enfrentamento em relação a grupos que participam do governo da presidenta Dilma. Se isso acontecer, significará um avanço na conjuntura brasileira. Essa pauta de esquerda ainda está sendo discutida. Para que essa proposta não seja retórica, terá que fazer frente às elites, um enfrentamento que nem o PT nem o Lula fizeram nos últimos anos. A política implementada por Lula em seus oito anos de governo foi conservadora do ponto de vista das reformas que interessam aos setores populares. Garantiu o aumento do investimento social, mas garantiu mais lucros às elites que historicamente dominaram o Brasil.
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