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"Pelos comentários que se ouvem, é que somos uns
oportunistas, carreiristas, arrivistas e descomprometidos com as
promessas que fazemos durante as campanhas eleitorais".
Por Luiza Erundina (deputada federal pelo PSB-São Paulo) - texto enviado pela assessoria da deputada
No dia 1º de fevereiro deste ano, estaremos assumindo mais um mandato parlamentar conferido democraticamente pelo povo nas últimas eleições.
Por Luiza Erundina (deputada federal pelo PSB-São Paulo) - texto enviado pela assessoria da deputada
No dia 1º de fevereiro deste ano, estaremos assumindo mais um mandato parlamentar conferido democraticamente pelo povo nas últimas eleições.
O que pensará o povo brasileiro a respeito de seus representantes que acabou de eleger? Pelos comentários que se ouvem, é que somos uns oportunistas, carreiristas, arrivistas e descomprometidos com as promessas que fazemos durante as campanhas eleitorais.
O mais grave disso é que esse conceito negativo é generalizado, se aplica a todos, tal é a indignação popular com as reiteradas traições que ocorrem após as sucessivas eleições e no curso dos mandatos, tanto no Legislativo como no Executivo.
O que fazermos, então, para responder e, se possível, desfazer essa imagem dos que nos avaliam de forma tão depreciativa?
Precisamos, antes de tudo, recuperar a confiança do povo e resgatar a dignidade da política, nos insurgindo contra o toma lá da cá do fisiologismo e do favoritismo político nas relações entre os Poderes, e afirmar, na prática, a independência entre eles.
Certamente é isso que o povo espera de seus representantes.
Lamentavelmente, já começamos o mandato dando motivo para nos lançarem a pecha de legislarmos em interesse próprio, indiferentes às enormes dificuldades da população. Refiro-me ao fato de deputados e senadores iniciarmos os mandatos com um aumento abusivo dos nossos subsídios, por decisão do Congresso Nacional numa das últimas sessões da legislatura anterior, sem que a sociedade, que é quem paga a conta, tivesse conhecimento. Isso sempre ocorre no final de cada legislatura.
No sentido de coibir tal prática, apresentei o Projeto de Lei nº 55, de 2011, que institui o referendo popular obrigatório para a fixação dos subsídios do Presidente da República e dos membros do Congresso Nacional.
Sendo o Brasil um Estado Democrático de Direito, onde todo o poder emana do povo (art. 1º e seu parágrafo único), em Estados dessa natureza, os agentes políticos eleitos pelo povo não têm legitimidade para fixar, sem o consentimento do povo que os elegeu, as condições de sua relação subordinada ao soberano, em especial o montante dos subsídios a que fazem jus pelo exercício desse cargo público.
A Constituição Federal determinou, em seu art. 14, II, que a soberania popular é exercida, entre outros instrumentos, por meio de referendo. Trata-se da aprovação, dada pelo povo, a atos dos órgãos estatais e agentes públicos, notadamente as leis votadas pelo Congresso Nacional.
Assim, o referido projeto, ao tornar obrigatório o referendo popular em matéria de fixação de subsídios do chefe do Poder Executivo e dos integrantes do Congresso Nacional, dá pleno cumprimento ao princípio democrático que fundamenta a nossa ordem constitucional.
Infelizmente, o projeto foi rejeitado pelo Presidente da Câmara dos Deputados, o que nos levou a apresentar Recurso à Comissão de Constituição e Justiça contra a decisão, onde se encontra, até hoje, aguardando a designação de um relator.
São fatos como esse que levam ao descrédito do povo em relação aos seus representantes e para a perda de legitimidade das nossas instituições políticas, em especial do Poder Legislativo, ao mesmo tempo em que contribuem para o enfraquecimento da democracia.
Ao assumirmos, pois, o mandato que o povo brasileiro nos confiou, renovamos o compromisso de honrar o voto popular e de exercê-lo com ética e dedicação, resgatando, assim, a dignidade da política.
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