(Foto: Nodal) |
Rompem-se os laços de dependência
de Washington que nossos países tiveram durante tantos anos.
Por Eleazar Díaz Rangel (*), parte de artigo traduzido do portal Nodal – Notícias da América Latina e Caribe,
de 12/01/2015
O
presidente (do Equador, Rafael) Correa foi o primeiro a identificar como
mudança de época o que ocorria na América Latina com os processos de transformação
iniciados, como há 200 anos na Venezuela, agora pelo presidente Hugo Chávez. O
primeiro a abrir caminhos e a ter uma visão do que devia acontecer, dos passos
que era necessário dar. Se repetiram na Bolívia, Equador, Nicarágua, Uruguai,
Brasil, Argentina, em cada um segundo suas modalidades, e por isso a presidenta
Fernández (de Kirchner) fala de unidade na diversidade. O caso é que não estávamos
vivendo uma época de mudanças, íamos mais além: se tratava de algo mais transcendente
e ele o chamou uma mudança de época. É o ocorrido. E temos dois extraordinários exemplos
no diálogo Celac-China e na próxima Cúpula das Américas.
A China
emerge como a primeira potência econômica do mundo, e se o Sr. Carlos Marx (Karl
Marx) não se equivocou, a economia continuará determinando a política, como aconteceu
desde começos do século 20, quando os Estados Unidos substituíram o Império
Britânico, primeiro na economia mundial, depois na política, até os dias de hoje
quando começam a dar passagem aos chineses. Certamente se trata de processos de
longo alento, porém imparáveis. Ninguém com mais paciência do que os chineses
para fortalecer as mudanças sem forçá-las, com acordos “entre iguais”, exemplo
da cooperação sul-sul. Não é casual que no recente encontro os anfitriões
propuseram e foi acertada a formação na China de mil jovens como líderes sociais
e foram oferecidas seis mil bolsas. E mais a enorme ajuda econômica, de 250 bilhões
de dólares, os acordos bilaterais firmados, entre eles o de cooperação militar
com a Venezuela e outros países. Tudo acontece onde até ontem era o quintal dos
Estados Unidos. E com todas as análises que estarão fazendo em Washington e seus
arredores, não acabam percebendo que o que está ocorrendo na América Latina é uma
mudança de época, tão simples assim. Rompem-se os laços de dependência de
Washington que nossos países tiveram durante tantos anos.
Com
características distintas, por iniciativa dos EUA foram criadas as cúpulas da
América. Mas, que diferença! Começaram impondo a Alca no Canadá, com apenas a
dissidência do gigante Chávez. Pouco durou a satisfação porque na reunião de
Mar del Plata veio abaixo, ¡al carajo el Alca! Disseram em uníssono Chávez e Kirchner.
Era outra demonstração das mudanças havidas. Foi o Panamá, antes dos anúncios
de restabelecimento das relações dos EUA com Cuba, que decidiu convidá-la. Quem sabe
o que diriam em Washington. O caso é que houve a decisão da maioria dos países de não participar no
Panamá se não convidassem Cuba. E tiveram que fazê-lo a uma reunião que foi
obra estadunidense para melhorar as relações com os latino-americanos e fortalecer
suas ligações. Não será assim. Seguramente pedirão cara a cara a suspensão do
bloqueio.
Tradução: Jadson Oliveira
(*) Observação deste blog Evidentemente: O autor é diretor de redação
de Últimas Notícias, o jornal
privado de maior circulação da Venezuela. A publicação cobre os fatos de
maneira independente em relação ao governo chavista, com uma postura quase
sempre bem crítica, mas só chega a ser realmente anti-chavista nos seus artigos
de opinião, assinados. Uma orientação editorial bem moderada se comparamos com
os jornais ultra-direitistas El
Universal e El Nacional. Já
Eleazar Rangel, que além de jornalista é professor, pessoalmente mantém uma posição
bem afinada com os chavistas, conforme podemos ver no artigo acima.
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