Jovens protestam no centro histórico de Lima contra a reforma trabalhista peruana (Foto: Agência EFE/site Latercera) |
Milhares de jovens contestam uma
lei de flexibilização trabalhista e houve distúrbios no Peru: os protestos se somam
às denúncias de corrupção contra um colaborador próximo de Humala, às deserções
na bancada governista, a uma desaceleração do crescimento econômico e à queda
na avaliação da imagem do presidente.
Por Carlos Noriega, de Lima, no jornal argentino Página/12, edição impressa de 24/12/2014
O ano
termina complicado para o governo do presidente Ollanta Humala. Uma nova lei
trabalhista, aprovada há poucos dias no Congresso quase sem debate, que corta direitos
dos trabalhadores, sobretudo dos mais jovens, provocou o maior protesto social até
agora no governo humalista, iniciado em julho de 2011. Estas manifestações se somam
aos escândalos políticos que neste ano golpearam o governo, às denúncias de
corrupção contra um colaborador próximo de Humala durante a campanha eleitoral,
às deserções na bancada parlamentar governista, a uma desaceleração do crescimento
econômico, que caiu de cerca de 6% para em torno de 3%, e à imperícia dos porta-vozes
governistas para defender o governo.
Humala encerra
o ano enfrentando manifestações de rua e com uma aprovação, segundo uma pesquisa
de GFK, de somente 24% e uma reprovação que chega a 71%. A nova lei trabalhista
que provocou os protestos destes dias, marcados pela presença majoritária de
jovens, elimina uma série de direitos dos trabalhadores que têm entre 18 e 24 anos:
corta as férias de 30 para 15 dias anuais, elimina o pagamento aos trabalhadores
duma compensação por tempo de serviço, equivalente a um salário mensal por cada
ano trabalhado, que o empregado pode cobrar quando perde o emprego, e deixa sem
efeito o pagamento de duas gratificações anuais.
Gritando
consignas como “trabalho sim, mas com direitos” e “não ao ‘cholo’ barato”, mais
de 15 mil manifestantes, em sua grande maioria jovens, marcharam na terça-feira,
dia 23, durante mais de cinco horas pelas ruas da capital peruana protestando
contra a nova lei trabalhista. “Ollanta dizia que as coisas mudaram, mas é a mesma
porcaria”, gritavam em coro os jovens. A passeata, iniciada ao cair da tarde, percorreu
pacificamente vários bairros de Lima, porém lá pela meia-noite estourou a violência.
As forças de segurança dispararam gases lacrimogêneos contra os manifestantes e
estes lançaram pedras contra a polícia. Os enfrentamentos terminaram com cinco
detidos. Os protestos se repetiram em várias cidades do interior do país. Na última
sexta-feira, outra massiva manifestação tinha tomado as ruas de Lima em repúdio
à norma que precariza o trabalho dos jovens.
Continua
em espanhol (com traduções pontuais):
El gobierno ha defendido la ley argumentando que actualmente más del 70
por ciento de los trabajadores del país lo hace de manera informal y, por lo
tanto, sin derechos laborales (sem direitos trabalhistas), y que con esta nueva
norma, al abaratar el costo del empleo, se promoverá que las empresas creen más
empleo formal para los jóvenes, así como las inversiones (os investimentos) para
revertir la baja en el crecimiento económico. El presidente Humala, intentando
defender la ley, ha terminado enredado en contradicciones, como decir que la
eliminación de derechos laborales (direitos trabalhistas) para los jóvenes
“busca protegerlos de la sobreexplotación”.
Leyes anteriores, dadas en otros gobiernos, que ya reducen derechos
laborales en sectores económicos como la microempresa o el sector
agroexportador, promulgadas con ese mismo argumento de formalizar el empleo, no
han producido esa formalización laboral que las justificó. Se ha denunciado que
este nuevo recorte de derechos laborales es producto de la creciente influencia
del sector empresarial y la derecha neoliberal, que controla el Ministerio de
Economía, en el gobierno del presidente Humala.
Lo ocurrido también ha puesto en evidencia el oportunismo de un
importante sector de la oposición, que votó a favor de la ley, pero después
cambió su postura al ver la magnitud de las protestas. El fujimorismo, ahora la
bancada más grande en el Congreso luego de las renuncias en el oficialismo,
impulsó la ley y votó por su aprobación, pero días después, sin ruborizarse,
sus voceros salieron a criticar la ley y atacaron al gobierno por promulgar la
norma que ellos aprobaron en el Congreso. El ex presidente Alan García,
político curtido en cambiar de discurso y acomodarse al viento, quien durante
su segundo gobierno (2006-2011) defendió la reducción de los derechos laborales
y dio una norma en ese sentido para los que trabajan en la microempresa, ahora,
como prematuro candidato presidencial para 2016, se ha reconvertido en defensor
de los derechos laborales y se sumó a las críticas a la nueva ley. Otro casi
seguro candidato presidencial para 2016, el banquero Pedro Pablo Kuzcynski, que
ya fue candidato en 2011 al frente de una alianza de derecha, fue uno de los
más entusiastas defensores de la ley cuando se promulgó, e incluso pidió su
ampliación, pero al ver las protestas sociales cambió de opinión y, con la
misma convicción que la había defendido salió a criticarla.
Desde la oposición de izquierda las críticas a la nueva ley laboral han
sido duras y, en su caso, marcan una postura constante frente a este tipo de
normas, que también se han dado en otros gobiernos. Se ha presentado una
demanda para que la ley sea declarada inconstitucional. Mientras tanto
(Enquanto isso), los jóvenes han convocado para este sábado 27 una nueva
movilización contra la ley que recorta sus derechos laborales.
Tradução
(parcial): Jadson Oliveira
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