A mobilização popular é a arma usada pelos paraguaios para que sua voz seja ouvida (Foto: Internet) |
Paulo López denuncia repressão
contra os comunicadores, concentração de meios, precarização trabalhista, perseguição
sindical e ataque contra a sustentabilidade das rádios comunitárias no Paraguai.
Por Paulo López (*), de Assunção – reproduzido do jornal argentino Página/12, edição impressa de
17/12/2014
Desde a queda
de Alfredo Stroessner (1989) e a assunção de Andrés Rodríguez, seu colaborador,
consogro (os dois tinham filho e filha casados) e militar colorado (do Partido
Colorado) assim como o ditador, não existiram níveis tão elevados de repressão
contra os comunicadores como os registrados desde a posse do também colorado
Horacio Cartes em agosto de 2013.
Um
capítulo do informe “Direitos Humanos no Paraguai 2014” da Codehupy (Coordenação
de Direitos Humanos do Paraguai) dedicado à liberdade de expressão e elaborado
por Vicente Páez, do Sindicato dos Jornalistas (Periodistas) do Paraguai (SPP),
alerta que “o recrudescimento dos crimes e as ameaças contra os e as jornalistas
teve seu pico no ano de 2014. Vários comunicadores e comunicadoras foram
calados pelas balas assassinas. A narcopolítica aparece com brutalidade.
Torturas e agressões de parte de agentes policiais se inserem neste quadro. A
precarização trabalhista, a agudização da concentração dos meios de comunicação,
a repressão às emissoras de rádio comunitárias e o debilitamento dos meios
públicos fecham o nefasto circuito”.
O caso mais
emblemático entre os crimes contra jornalistas foi o de Santiago Leguizamón, assassinado
em 26 de abril de 1991 em Pedro Juan Caballero (departamento – estado - de
Amambay) por pistoleiros a serviço do narcotráfico. O crime salpicou o mesmo
presidente Rodríguez, que mantinha vínculos com o chefe mafioso Fahd Jamil,
principal suspeito da autoria intelectual do assassinato. Jamil também manteve
negócios com o presidente Cartes através da casa de câmbio do atual mandatário,
cujo esquema de lavagem de ativos do narcotráfico é descrito por informação
oficial da inteligência norte-americana e que fora vazada por Wikileaks.
Em 16 de
outubro de 2014 foi assassinado em Villa Ygatimi, departamento de Canindeyú, o jornalista
do jornal ABC Color Pablo Medina e sua assistente Antonia Almada. O então
prefeito de Ypehú, Vilmar “Neneco” Acosta (governista), foi assinalado como
responsável pelo assassinato supostamente em represália às publicações jornalísticas
que o comprometiam com o narcotráfico. O político colorado é um aliado próximo
do presidente Cartes e, segundo a declaração de um detido, a própria polícia
facilitou sua fuga para o Brasil.
Continua em espanhol (com
traduções pontuais):
Además de los dos (dois) asesinatos mencionados, este 2014 también
fueron silenciados Fausto Alcaraz y Edgar Fernández en zonas rurales donde
predominan las narcoestancias, establecimientos que realizan actividades
agropecuarias para disfrazar (disfarçar, encobrir) el tráfico de drogas.
En el período del informe se registraron, además de la tolerancia
estatal hacia el acallamiento de las voces vía el asesinato, acciones en las
que el propio Estado fue protagonista directo de las violaciones del derecho
humano a comunicar. Durante varias movilizaciones, periodistas fueron
arrestados (presos), agredidos por registrar la intervención policial contra
manifestaciones públicas y sus materiales de trabajo secuestrados. También se
denunciaron amenazas contra periodistas por razones ligadas a su trabajo y
despidos (e demissões) injustificados en empresas privadas.
A esto se añade (acrescenta) la ley 4179/11 que, entre otros puntos,
inviabiliza el funcionamiento de las radios comunitarias reduciéndolas a una
mínima potencia (pequeña cobertura hasta 50 watts y de mediana cobertura hasta
300 watts). La potencia permitida a las radios comerciales va de 1000 a 50.000
watts. La normativa también atenta contra la sustentabilidad de las emisoras
comunitarias al establecer que no podrán efectuar “mención, publicidad o (ou) propaganda
en ninguna de sus formas”. Además otorga amplias facultades al Ministerio
Público y a la autoridad de aplicación de las telecomunicaciones para incautar
los equipos (para apreender os equipamentos), multar y procesar a los
responsables de las radios comunitarias.
En este contexto, el 97 por ciento del espectro radioeléctrico es
acaparado (é ocupado) por empresas privadas frente a un 2 por ciento de radios
comunitarias y uno por ciento de medios públicos, que tras (após) el golpe de
2012 fueron vaciados de contenido (esvaziados de conteúdo) y de los cuales ni
siquiera han quedado los nombres (ficaram os nomes). En una clara muestra de
aversión a lo público, el gobierno de Cartes transformó el sitio Información
Pública Paraguay y la TV Pública en Agencia de Información Paraguaya y Paraguay
TV HD Digital, respectivamente.
Como respuesta al alarmante retroceso en materia de derechos humanos
acaecido (intensificado) desde el golpe y la asunción de Cartes, ha emergido un
frente en el que (surgiu uma frente na qual) convergen organizaciones sociales
y políticas que asumen que ante la clausura (o fechamento) de las vías
institucionales el único recurso que queda (resta) es la movilización. Así, las
calles (as ruas) se han convertido en el escenario central donde las voces
soterradas dicen su palabra. Mientras haya palabras, la llama seguirá encendida
(Enquanto haja palavras, a chama continuará acesa).
* Jornalista
do jornal digital E’a de Asunción.
Tradução (parcial): Jadson
Oliveira
Comentários