A delegação de paz confirmou que deixava de atacar o governo (Foto: AFP/Página/12) |
O presidente Santos aceita, mas
rechaça condições: a guerrilha disse que usará as armas somente se for atacada e o
governo disse que não renuncia a realizar operações.
Matéria do jornal argentino Página/12, edição impressa de
19/12/2014
O governo
de Juan Manuel Santos e a sociedade colombiana receberam na quinta-feira, dia
18, com entusiasmo o anúncio do cessar-fogo unilateral e indefinido declarado pelas
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que começará a valer no
sábado, dia 20, e cuja duração representa uma incógnita pela advertência da
presidência de que não serão aceitas as condições fixadas pela guerrilha. Ao encerrar
esta semana em Havana o último ciclo do ano das conversações de paz, as FARC disseram
que este cessar-fogo e de hostilidades, que deve se transformar em armistício,
entrará em vigor à 0:01 hora de 20 de dezembro sob supervisão internacional. A
guerrilha colombiana condicionou sua duração a que não houvesse ações
militares contra suas unidades, possibilidade
que, assim como a de acompanhamento externo, foi recusada pelo governo.
“Valorizamos
o gesto dum cessar-fogo unilateral e indefinido, porém não podemos aceitar essas
condições como a de uma verificação internacional. Vamos, isso sim, analisar muito
bem o avanço e o cumprimento deste cessar-fogo, porque me parece que é um bom
passo inicial”, manifestou o presidente colombiano. Santos considerou, no
entanto, que o anúncio das FARC mostra que o processo de paz iniciado há dois anos
na capital cubana vai na direção correta. Num ato em Quibdó, capital do Chocó,
um dos departamentos (estados) mais pobres da Colômbia e que mais tem sofrido as
consequências do conflito armado, Santos reiterou a postura manifestada às
primeiras horas da quinta-feira num comunicado da presidência.
“A exigência
de verificação para o cessar-fogo unilateral é uma condição que o governo não
aceita”, assinalou o comunicado. Esta verificação, segundo as FARC, estaria a
cargo da União das Nações Sul-americanas (Unasul), a Comunidade dos Estados
Latino-americanos e Caribenhos (Celac), o Comitê Internacional da Cruz Roja
(Vermelha) (CICR) e da ONG Frente Ampla pela Paz. Em Quibdó, o presidente assegurou
que a verificação que estão pedindo se pode discutir, mas mais adiante, quando as
negociações de paz, que entraram num recesso natalino até mediados de janeiro,
terminem o ponto sobre as vítimas que está em discussão e passem ao do fim do
conflito, o último que será tratado na agenda de cinco pontos pactada com as
FARC. Ademais, Santos sublinhou que tampouco é aceitável a advertência da guerrilha,
de que o cessar-fogo se daria por terminado no caso de se constatar que as
estruturas guerrilheiras foram objeto de ataques por parte da força pública. “Certamente,
nem o presidente da República nem nenhum membro das forças armadas podem deixar
de cumprir a Constituição e as leis do país, que nos obrigam a defender a segurança
e as liberdades de todos os colombianos em todos os rincões da pátria”, disse e
agregou que por nenhum motivo haverá exceções nesta obrigação.
Continua em espanhol (com
traduções pontuais):
Para Santos, que se opone rotundamente a la propuesta de las FARC de
declarar un cese del fuego bilateral durante las negociaciones, el nuevo
anuncio de la guerrilla es “un regalo de Navidad (um presente de Natal)” que
debe abrirse con cuidado porque en su interior trae una rosa “con un tallo
lleno (cheio) de espinas”. El argumento del presidente para rechazar cualquier
propuesta que implique suspensión de operaciones militares es que en procesos
de paz anteriores ya se hicieron experimentos similares y la guerrilla
colombiana aprovechó esa situación para fortalecerse.
Por eso, al hablar ayer (ontem, quinta-feira) de las condiciones del
cese del fuego unilateral de las FARC, dijo: “Estos señores de la contraparte
no son ningunos angelitos (nenhuns anjinhos), son personas muy difíciles”.
Desde que se iniciaron los diálogos en Cuba, en noviembre de 2012, las FARC
declararon dos (duas) treguas navideñas (natalinas) unilaterales pero de
duración determinada, a diferencia del cese del fuego indefinido planteado esta
vez. Sea como fuere (Seja como for), la propuesta de la guerrilla ha sido
celebrada por diferentes sectores que esperan que sirva para que Colombia
comience en esta Navidad (neste Natal) un período de paz que se prolongue hasta
la firma de un acuerdo definitivo con esa guerrilla.
“Este es un gesto esperanzador, cuya implementación efectiva generaría
confianza en que el proceso de paz avanza hacia la finalización del conflicto”,
manifestó en un comunicado la Oficina (Escritório) de Naciones Unidas en
Colombia. El despacho de la ONU agregó que el cumplimiento del cese del fuego
se traduciría, igualmente, en menos sufrimiento para las personas y comunidades
en distintas regiones del país que padecen las consecuencias del conflicto
armado.
La Oficina (O Escritório) de la ONU en Colombia recordó que desde que
empezaron las conversaciones de paz en Cuba, en noviembre de 2012, alrededor de
400.000 colombianos han tenido que desplazarse (tiveram que se deslocar, de
fugir) y en el mismo período cientos de personas, tanto uniformados (militares)
como civiles, murieron o (ou) fueron gravemente heridas como consecuencia del
conflicto. La Oficina de la ONU manifestó además su esperanza de que los
diálogos entre el gobierno y las FARC puedan generar acuerdos sobre más gestos
de paz y más acciones que conduzcan a una reducción de la intensidad del
conflicto e impidan que haya nuevas víctimas.
Tradução
(parcial): Jadson Oliveira
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