TERCEIRO TURNO DE DILMA: A RADICALIZAÇÃO DELES E A NOSSA

Participante da Ocupação  Santa Luzia, em São Gonçalo, Rio de Janeiro
Participante da Ocupação Santa Luzia, em São Gonçalo, Rio de Janeiro (Foto: Outras Palavras)

Derrotada nas urnas, direita reage contra PT e projeto de mudanças superficiais. Dilma contemporiza. E se entrarem em cena os movimentos sociais?

O modelo lulista de conciliação nacional dá sinais claros de esgotamento, pois está baseado na combinação de crescimento econômico com desmobilização social.


Por Guilherme Boulos - no site Outras Palavras, de 04/11/2014


Acabou a batalha do segundo turno. Dilma foi reeleita para a presidência da República em votação apertada. Ao final, a vantagem no Norte e Nordeste foi suficiente para compensar a derrota em São Paulo e no Sul do país.

A campanha deste segundo turno foi marcada por uma polarização que não víamos desde 1989. Mas diferente de 1989 — quando Lula falava em suspender o pagamento da dívida pública e em fazer reformas estruturais — agora não estavam em jogo projetos políticos tão antagônicos.

O PT manteve desde 2003 as linhas mestras da política econômica tucana. O controle da inflação às custas de juros e câmbio sobrevalorizado, a política de superávit primário para pagamento da dívida e as concessões da infraestrutura nacional e da exploração de petróleo para grandes empresas privadas.

Na política, ambos governam alicerçados no que há de mais atrasado na sociedade brasileira. Ambos mantiveram o PMDB como eminência parda da política nacional.

O PT nem ensaiou nestes 12 anos levantar a bandeira das reformas populares — bloqueadas no país desde João Goulart. Reformas urbana e agrária, reforma tributária progressiva, reforma política e do sistema financeiro. Auditoria da dívida pública, desmilitarização das polícias e democratização das comunicações. Estas são as pautas populares e de esquerda para o Brasil. Alguém as viu nos últimos governos?

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