O repressor Carlos Francisco Villanova na sexta-feira (dia 21), quando era levado aos tribunais (Foto: Página/12) |
A história de Carlos Villanova, um dos
chefes dos torturadores do Campo de Maio: até poucos dias atrás era conhecido
apenas pelos codinomes que usava durante o terrorismo de Estado. Um trabalho de
investigação permitiu identificá-lo e prendê-lo. É acusado de sequestros,
torturas, abusos sexuais e homicídios.
Por Ailín Bullentini, no jornal argentino Página/12, edição impressa de 22/11/2014
O
repressor Carlos Francisco Villanova se negou a depor perante a juíza federal de
San Martín, Alicia Vence, que o havia citado para interrogatório por 70 casos
de sequestros, torturas, abusos sexuais e homicídios cometidos durante a última
ditadura civil-militar no território do Campo de Maio. Villanova foi assinalado
como o chefe dos torturadores dos militantes ligados aos Montoneros que passaram
pelos centros clandestinos que funcionaram nessa guarnição. Nessa época era chamado de “Gordo 1”. Segundo se divulgou, ele se mostrou surpreendido
por sua detenção e se fez de desentendido diante dos fatos nos quais aparecia
envolvido. Sua defesa solicitou “tempo para analisar” a documentação que prova
seu vínculo com delitos de lesa humanidade e a prisão domiciliar. O promotor
que atua na instrução, Miguel Angel Bianco García Ordas, se pronunciou
rechaçando o benefício. Vence o submeteu ao informe do corpo médico forense.
Villanova foi uma incógnita para a Justiça argentina durante quase 40 anos. Os sobreviventes de Campo de Maio e vários outros testemunhas lembraram dele sempre por seus codinomes: “Gordo 1”, “Doctor”, “Tordo” foram os nomes que testemunhas citaram em numerosas investigações, desde a Conadep (Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas) até as instruções judiciais que se avolumaram após a nulidade das leis de impunidade e nos julgamentos que vieram em seguida. Não tinha nome até que, em meados desta semana, a unificação dos testemunhos e o trabalho da Procuradoria e do Programa Verdade e Justiça do Ministério da Justiça e Direitos Humanos permitiram nomeá-lo: Carlos Francisco Villanova.
Continua em espanhol (com traduções pontuais):
Como no estaba identificado, Villanova nunca fue buscado por la Justicia argentina. No escapaba (Não precisava fugir). Vivió hasta el jueves (Viveu até a última quinta-feira) muy tranquilo en su casa de Vicente López. Hasta 2004, cuando se retiró como oficial mayor (quando foi reformado como major), trabajó en la Policía Federal. Luego, brindó (Depois, prestou) servicios en el ámbito privado. El jueves (Na quinta-feira) fue detenido. Ayer (Ontem, sexta-feira), ante Vence, se mostró sorprendido por “tanta batahola (tanto barulho)”. Antes de negarse formalmente al interrogatorio, Villanova dijo ser “un vecino (um morador) muy conocido de Vicente López”, tan conocido que incluso fue “candidato a concejal (vereador)” hace “algunos años”, y no entender “de qué se trata toda esta acusación”, informaron fuentes judiciales. La jueza, entonces, pasó a comentarle rápidamente uno a uno los casos de imposición de tormentos, privación ilegítima de la libertad, abusos de las 70 víctimas por los que, por el momento, se lo llamó a declarar. En San Martín no descartan ampliar la nómina de víctimas.
Entre 1976 y 1978, Villanova fue Claudio Federico Vargas y respondió a las órdenes de la Dirección General de Investigaciones como agente de Inteligencia. Su misión estuvo enmarcada en el Grupo de Tareas 2 del Batallón de Inteligencia 601 del Ejército argentino: a su cargo estuvo el interrogatorio de cada hombre o (ou) mujer integrante de la columna Norte de Montoneros que fue secuestrado y llevado a Campo de Mayo durante el terrorismo de Estado. Para los pocos que lograron salir con vida de aquel sitio, el “Tordo” fue el más brutal de los torturadores. “Era uno de los genocidas más buscados de Campo de Mayo”, señaló el abogado (o advogado) Pablo Llonto, querellante en la mayoría de las causas por violaciones a los derechos humanos sucedidos en esa repartición del Ejército.
Tradução (parcial): Jadson Oliveira
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