VITO GIANNOTTI: SEM NOSSA MÍDIA ESTAMOS PERDIDOS




(Foto: Internet)
A grande lição desta eleição, para mim, é a necessidade de nós, de esquerda, fazermos a disputa política com a direita. Fa­zê-la em sindicatos, associações, clubes, comunidades re­ligiosas, partidos, todo tipo de grupo. Fazer esta disputa todo dia, o dia todo e com todos os meios. Sem isso é ca­lar a boca.

Por Vito Giannotti (do Núcleo Piratininga de Comunicação, no Rio de Janeiro) – reproduzido do site do jornal Brasil de Fato, de 16/10/2014

A pergunta obrigatória entre boa parte da es­querda, após o 1º turno, é: o que aconteceu? E o que fa­zer para reverter o quadro negativo? Ninguém imaginava que a periferia de São Paulo fosse levada pela propagan­da da direita a gritar “Não à esquerda”. Mas foi. Por quê? Há respostas fáceis que não explicam nada. Sim, a mídia, toda a mídia dos patrões fez e continua fazendo uma cam­panha feroz contra a Dilma. Mas isso não é novidade, é ló­gico, é normalíssimo. O que a esquerda esperava da direi­ta, chocolate e docinhos? Estamos numa sociedade domi­nada pelo capital, pelos patrões, pelas grandes empresas. E estas têm interesses de classe. Interesses imediatos de eleger um candidato mais favorável a seus planos. A mí­dia das corporações e do FMI quer isso dessas eleições.

Mas, além disso, há interesses históricos que a direita defende. E nesse quadro quer destruir qualquer avanço popular, qualquer avanço dos trabalhadores. Quer acabar com qualquer cheiro de esquerda, seja ela reformista ou revolucionária. Muitos do nosso campo se iludiram que essa realidade acabou. Esta eleição mostra claramente que direita e esquerda existem e continuam inimigas, não simples adversárias. A batalha continua, a guerra conti­nua, ganhando ou perdendo esta eleição. E daí, o que fa­zer para a direita não impor seu programa de destruição de qualquer avanço popular?

Afiar nossas armas, criar nossa mídia – É de cho­rar ver uns coitados se queixarem da mídia. Mídia tem dono, dono tem classe e interesses de classe. E nós? Ca­dê nossos jornais de esquerda? Digo jornais diários iguais aos deles. Cadê? Qual partido de esquerda tem um jornal diário? Precisamos de meia dúzia pelo Brasil afora. E rá­dios, cadê? Digo rádios como a Bandeirantes, a CBN, com a mesma potência e muitas equipes de jornalistas. E TV? Há algum passinho dado nesse campo. Mas é pouco, mui­to pouco.

Nossa mídia para difundir nossas idéias – So­mos contra a redução da idade penal? Contra a retira­da dos direitos dos trabalhadores? Defendemos ban­deiras de um país minimamente moderno como o di­reito ao aborto, contra a homofobia? Somos contra o extermínio de jovens negros e pobres das favelas? E daí, o que fazemos para convencer milhares e milhões das nossas ideias? E mais, qual o nosso projeto de país? Que Brasil queremos? Nessa eleição Aécio pro­põe o fim da CLT. Isso não acaba com a eleição. A Fiesp e toda a mídia patronal vão divulgar seus planos o ano todo, por anos a fio.

E a nossa mídia, cadê? E como ela é? – A grande lição desta eleição, para mim, é a necessidade de nós, de esquerda, fazermos a disputa política com a direita. Fa­zê-la em sindicatos, associações, clubes, comunidades re­ligiosas, partidos, todo tipo de grupo. Fazer esta disputa todo dia, o dia todo e com todos os meios. Sem isso é ca­lar a boca.

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