Olívio Dutra (Foto: Carta Maior) |
Por Ana Ávila (*) - Sul21 - reproduzido do portal Carta Maior, de 09/10/2014
Não é de hoje que Olívio Dutra instiga a criação de um ambiente favorável ao debate aprofundado sobre os papéis do PT e da esquerda. Aos 73 anos, Olívio Dutra, ex-governador, ex-deputado federal constituinte e ex-prefeito concorria a uma vaga no Senado, depois de oito anos fora de disputas eleitorais. Acabou derrotado por Lasier Martins, em uma votação apertada: 37,42% a 35,31%.
Sem mandato para o próximo ano, ele retorna à militância, pela qual tem tanto apreço, disposto a trabalhar pela reeleição de Tarso Genro e Dilma Rousseff. Diz que não pensa em voltar a se candidatar. Prefere pensar sobre troca de experiências e sobre como criar ambientes e situações capazes de melhorar a vida de todos, com ou sem mandato.
“Perdi a eleição, mas ganhei um livro”, brincou, durante entrevista ao Sul21, no apartamento onde mora, na zona norte da capital, exibindo um exemplar de El hombre que amaba a los perros, do escritor cubano Leonardo Padura. A obra de 600 páginas foi a mais recente leitura do ex-candidato e sua companheira, Judite Dutra, durante a campanha eleitoral. Na sala de paredes cobertas por livros, ele falou sobre o papel da esquerda, a interferência da religião na política e os desafios para os próximos capítulos das disputas eleitorais. Lamenta, sobretudo, a impossibilidade de ler tudo o que gostaria e conta um sonho: que os livros estivessem na cesta básica dos brasileiros.
Sul21 – O senhor poderia fazer uma avaliação do resultado da eleição para o Senado?
Olívio Dutra – A eleição para o Senado está inserida na eleição para o governo Federal e estadual, a reeleição da Dilma, a reeleição do Tarso. A conquista daquela cadeira no Senado era para dar força ao projeto e reforçar o trabalho do (Paulo) Paim, que está lá, mas acrescentar o debate sobre as grandes reformas que o Brasil precisa que aconteçam para ele se tornar uma nação. A reforma política, a reforma agrária, a reforma urbana, a reforma tributária. O quadro político que temos é um quadro em que há um desgaste do nosso projeto do campo democrático popular, que não se articula nunca o suficiente, que não define seus contornos. Com isso está sempre com a guarda aberta para o avanço da centro-direita.
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