(Foto: Adital) |
Por Adital - Notícias da América Latina e Caribe, de 06/10/2014
O desfecho para o desaparecimento dos estudantes do município de Iguala, Departamento de Guerrero, se anuncia de forma ainda mais trágica. De acordo com informações da imprensa mexicana, o procurador de Guerrero, Inaky Blanco, afirmou, em entrevista coletiva, na noite deste domingo, 05 de outubro, que as investigações revelam que policiais de Iguala entregaram 17 normalistas ao grupo paramilitar Guerreros Unidos, que os assassinaram. Chegou-se a essas informações após as declarações de Martín Alejando Macedo Barreda, narcotraficante, e Marco Antonio Ríos Berver, pistoleiro dos Guerreros Unidos, que confessaram terem assassinado 17 normalistas, cujos corpos foram enterrados em valas clandestinas. Um dos líderes da organização criminosa, conhecido como "El Chuky”, teria sido o mandante da execução dos estudantes.
Outra revelação é que 30 membros da polícia municipal preventiva de Iguala seriam integrantes dos Guerreros Unidos. Vinte e dois já foram presos. Na entrevista, Blanco informou também que nas fossas de Palo Blanco, em Iguala, até o momento, foram encontrados 28 corpos, que se acham em variados estados de decomposição, ainda que todos tenham sido incendiados antes de serem enterrados. Até agora, suas identidades ainda não foram descobertas. Testes de DNA serão realizados para saber se trata-se, realmente, dos estudantes desaparecidos.
Nos últimos dias 26 e 27 de setembro, seis pessoas, entre elas dois normalistas da Escola Rural Raúl Isidro Burgos, de Ayotzinapa, um jogador de futebol e três outros civis, morreram durante três ataques na cidade de Iguala, zona norte de Guerrero. Além dos seis mortos, nos ataques foram feridas 17 pessoas e 43 estudantes desapareceram.
Blanco também informou que, até o momento, já são 30 os detidos pelas ocorrências de violência, entre policiais municipais e membros do crime organizado. O prefeito de Iguala, José Luis Abarca, também estaria envolvido. Ele pediu licença do cargo e encontra-se foragido.
Reunidos em Ayotzinapa, os dirigentes da Coordenadoria Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE), alunos da Escola Normal de Ayotzinapa e os familiares dos desaparecidos foram convocados para a Casa Guerrero, uma das sedes do governo estadual. Lá, foram recebidos pelo próprio governador, Ángel Aguirre. Em protesto, os estudantes deixaram a reunião, mas os secretários gerais da CNTE exigiram que da identificação dos restos mortais participe a célebre equipe de forenses argentinos.
Por sua vez, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), solicitou a adoção de medidas cautelares em favor dos estudantes da escola rural Raúl Isidro Burgos. A Comissão considera que os 43 estudantes desaparecidos e os estudantes feridos, atualmente no hospital, se encontram em uma situação de gravidade e urgência, posto que suas vidas e integridade pessoal estariam ameaçadas e em grave risco.
(Foto: Reuters/La Jornada) |
Ayotzinapa, crimen de lesa humanidad
Por Luis Hernández Navarro, no jornal mexicano La Jornada
Son jóvenes, en su mayoría hijos de familias campesinas, estudiantes de
una normal rural. Por eso los desaparecieron de manera forzada. Defienden la
educación pública, el normalismo rural, la enseñanza al servicio de los más
necesitados, la transformación social del país. Por eso les dispararon y los secuestraron.
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