A presidenta Dilma faz campanha em Curitiba para o segundo turno no próximo domingo (Foto: EFE/Página/12) |
O desafio de Dilma na semana do
segundo turno contra Aécio: segundo as pesquisas, em torno de 6% dos cidadãos
dispostos a votar ainda não decidiu se vota na representante do Partido dos
Trabalhadores ou no opositor social-democrata.
Os petistas disporão de 80
minutos em rede nacional de meios de comunicação, os quais dedicarão o resto de
sua programação para propalar notícias negativas sobre Dilma – algumas falsas,
outras verdadeiras – e fazer propaganda encoberta ou desenfreada pelo triunfo da
“mudança” encarnada em Aécio.
Seguramente em nenhuma das
campanhas eleitorais (desses dias na América Latina, referência à Bolívia e
Uruguai), se observa uma desvantagem comunicacional tão exagerada como no
Brasil, onde os principais grupos de mídia são inimigos, e no melhor dos casos são
contrários ao PT.
Por Darío Pignotti, de Brasília, no jornal argentino Página/12, edição de hoje, dia 20
Conquistar
os 6% dos eleitores indecisos nos próximos seis dias. Este é o desafio que
enfrenta a partir de hoje a presidenta Dilma Rousseff para ser reeleita na
votação do segundo turno do próximo domingo, quando enfrentará o opositor Aécio
Neves, do Partido da Social-democracia Brasileira (PSDB), a quem as pesquisas
dão uma vantagem mínima.
Se se dá
por correto o quadro mostrado na semana passada pelos institutos de pesquisa, com
a confiabilidade em baixa depois dos erros do primeiro turno, em torno de 6%
dos cidadãos dispostos a votar ainda não decidiu se vota na representante do
Partido dos Trabalhadores ou por Aécio Neves, um social-democrata de fachada
defensor de um programa “conservador”, segundo a definição de Marco Aurélio
Garcia, assessor internacional da presidenta.
Dilma se
impôs no primeiro turno de 5 de outubro com 43,2 milhões de votos, 8,3 milhões
de diferença sobre Aécio, mas este conquistou o grosso dos eleitores de Marina
Silva, a ambientalista situada em terceiro lugar, segundo consignaram Datafolha
e Ibope. Na semana passada estas empresas de opinião pública mostraram uma vantagem
de dois pontos para o postulante opositor – o que configura um empate técnico –,
enquanto Vox Populi indicou Dilma na dianteira, com apenas 2 pontos de frente.
Dilma
Rousseff e Aécio Neves se bateram como gladiadores dispostos a matar ou morrer
nos dois debates televisivos de terça e quinta-feira últimas, e no que começava
a se realizar na noite de ontem, ao encerrar esta edição, nos estúdios da cadeia
Record, da evangélica Igreja Universal do Reino de Deus.
Tudo
indica que a confrontação será igualmente dura na próxima sexta-feira, quando os
presidenciáveis voltarão a se chocar diante das câmeras da TV Globo, quando se
espera que haja uma grande audiência, seguramente o mais importante dos quatro
debates realizados com vistas ao segundo turno.
Até o
último minuto do sábado se travará uma guerra política em tempo integral
durante seis dias, ou 144 horas, nas quais Dilma e Lula contarão somente com 20
minutos diários de propaganda obrigatória por cadeia nacional de rádio e TV,
que culminará na quinta-feira, último dia de publicidade autorizada por lei. Quer
dizer, os petistas disporão de 80 minutos em rede nacional de meios de
comunicação, os quais dedicarão o resto de sua programação para propalar notícias
negativas sobre Dilma – algumas falsas, outras verdadeiras – e fazer propaganda
encoberta ou desenfreada pelo triunfo da “mudança” encarnada em Aécio.
Continua em espanhol (com
traduções pontuais):
Seguramente en ninguna de las campañas electorales de Bolivia, concluida
la semana pasada con la victoria de Evo Morales, y Uruguay, donde el próximo
domingo se realiza la primera vuelta de los comicios (das eleições) presidenciales, se observa una
desventaja comunicacional tan exagerada como en Brasil, donde los principales
grupos multimedios son enemigos, y en el mejor de los casos contrarios al PT.
La narrativa periodística escogió como argumento principal las maniobras
fraudulentas que desviaron decenas de millones de dólares de Petrobras a partir
de las declaraciones de un ex ejecutivo de la petrolera, Paulo Roberto Costa, y
el titular de una mesa de dinero clandestino (doleiro), Alberto Yousseff, quien
reconoció haber lavado dinero procedente de sobornos.
Costa y Yousseff comenzaron a contar con detalles sus delitos
perpetrados en Petrobras a un juez ligado a la oposición pocos días antes de la
primera vuelta electoral, amparados en la figura de la delación premiada,
instituto que reduce la pena del reo.
Y a pesar de que las confesiones ocurrieron bajo secreto de sumario (sob
segredo de justiça), el texto y el audio completos fueron filtrados (vazados) (con
obvia anuencia del juez) a la cadena Globo y la revista Veja, que propalaron
las confesiones que salpicaron al gobierno con grandes titulares (com grandes
manchetes). Pero omitieron otras revelaciones en las que se involucró al ex
presidente del PSDB, el partido de Neves.
“No tengo dudas de que hubo una selección de las filtraciones (dos
vazamentos) de las denuncias de Petrobras”, aseguró Dilma, en implícita
acusación al juez y los medios (de comunicação), en declaraciones publicadas
este fin de semana en la revista Carta Capital.
Esa estrategia de desinformación continuó el fin de semana, cuando salvo
Folha de San Pablo ningún medio de gran porte trató con profundidad la presunta
corrupción en la agrupación de Neves, denunciada por el ex directivo de
Petrobras.
Sabedor de que no podrá imponerse si se limita al combate en los medios,
el PT prepara una serie de actos de Dilma, que priorizará Río de Janeiro en los
primeros días de esta semana, y Lula, quien realizó una maratónica gira por la
región amazónica la semana pasada.
La popularidad de Lula, y su capacidad para convocar a la militancia,
son dos (dois) argumentos centrales en los que confía el PT para que Dilma
logre alguna ventaja, aunque sea mínima, en la línea de llegada del domingo
próximo.
El ex presidente está acostumbrado a las proezas electorales. En 2005,
luego del escándalo de corrupción conocido como Mensalao, su gobierno bajó a
los peores índices de aprobación mientras Globo martillaba a diario (enquanto a
TV Globo martelava diariamente) con nuevas denuncias, algunas sin fundamento.
Parecía que había llegado el final de la gestión lulista.
Fue entonces que el ex mandatario decidió romper el cerco mediático,
apostó a la comunicación directa con el público, encabezando hasta tres actos
diarios en todo el país durante meses en los que comenzó a recuperar
credibilidad y en octubre de 2006 fue elegido para un segundo mandato.
Tradução
(parcial): Jadson Oliveira
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