(Foto: Carta Maior) |
Com as vitórias políticas conquistadas pela candidatura Dilma em setembro, a sua vitória se tornou até possível no 1º turno e muito provável em um 2º turno.
A grande lição que fica deste setembro para as esquerdas brasileiras é a necessidade de refundar – a palavra não poderia ser outra – a sua relação política com a comunicação pública.
Há uma nova consciência pública sobre a liberdade de expressão no Brasil e sobre a formação de uma opinião pública democrática.
Por Juarez Guimarães, no portal Carta Maior, de 02/10/2014Ao editar e enviesar seis pesquisas seqüenciadas às vésperas das eleições presidenciais, a Folha de S. Paulo e a Rede Globo, conectando o Jornal Nacional e a imprensa, o Ibope e o Datafolha, procuram esconder a grande derrota dos neoliberais neste mês de setembro e se reposicionar através da manipulação das emoções e expectativas dos brasileiros. Com o arbítrio de errar na margem de erro – contendo a ascensão de Dilma, segurando a queda de Marina ou dramatizando as possibilidades de Aécio ir a um eventual segundo turno – procura-se criar assim uma conjuntura eleitoral: se Dilma não vencer no primeiro turno, será uma vitória da Marina “sobrevivente” ao massacre petista ou uma vitória do “ressuscitado” Aécio, revigorado para um segundo turno.
Trata-se de uma grande mistificação: não é possível medir a incerteza, resolver estatisticamente a indeterminação, arbitrar as chances das leis dos grandes números em movimento, decidir antes o que será finalmente deliberado por quase uma centena e meia de milhões de brasileiros. O que está em fluxo e sujeito a muitas dimensões subjetivas não cabe nas margens de erro anunciadas.
Na verdade, esta primeira mitificação procura dar cobertura a uma segunda: a de que as eleições até agora se realizaram em um quadro de despolitização e de golpes baixos, como se fossem um jogo de pôquer em que os adversários disputam a arte de blefar e maximizar suas estratégias competitivas.
Foi exatamente o contrário o que ocorreu: desde o retorno à democracia, nunca tivemos eleições presidenciais tão politizadas no primeiro turno.
Observação do Evidentemente: na parte conclusiva o autor explicita questões de vida ou morte para o movimento democrático, popular e de esquerda, questões vinculadas à ditadura dos monopólios da mídia hegemônica:
"Por que os recursos públicos da democracia brasileira devem servir
unilateralmente àqueles que monopolizam os meios de comunicação?
Por que
o projeto de uma TV pública nacional, democrática e pluralista, não
ganha alento?
Por que um projeto de regulação dos meios de comunicação,
como prevê a Constituição de 1988 e como existe em um grande número de
democracias ocidentais, não deve ganhar centralidade em um próximo
período?"
E acrescento:
Será que o avanço da consciência de que é necessário dar combate à ditadura midiática no Brasil - avanço que chegou finalmente a Lula e depois a Dilma, após anos de luta dos movimentos sociais e da blogosfera chamada progressista - é mesmo pra valer?
Ou não passa de reação efêmera diante do sufoco eleitoral?
Será que a nossa presidenta já ultrapassou de fato aquela fase ridícula de querer enfrentar o terrorismo midiático da Rede Globo através do controle remoto?
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