ESCÂNDALO: vazamentos seletivos de declarações do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa (como, por exemplo, era "o comentário que pautava dentro da companhia"), sem qualquer comprovação, viram manchetes contra Dilma/PT (Foto: Internet)
Seria
melhor que o juiz chamasse logo toda a imprensa para assistir e
perguntar, pois talvez saísse alguma indagação sobre que provas os
senhores têm.
Por Fernando Brito, do blog Tijolaço - reproduzido do portal Carta Maior, de 10/10/2014
Inacreditável o papel a que a Justiça Brasileira está se prestando.
Um
vídeo (sem imagens, apenas o teto de uma sala) onde o o ex-diretor
ladrão da Petrobras – que aliás, admite ter sido enfiado na companhia a
contragosto de Lula, por pressão de outros partidos – diz, sem
apresentar um mísero dado concreto, o que dirá uma prova, que “o
comentário que pautava dentro da companhia” é que a diretoria das áreas
de Gás e Energia, Serviços e Exploração e Produção, “os três por cento
ficavam diretamente para o PT”
Vejam bem, os jornais afirmam que
havia este desvio com base na declaração de Paulo Roberto Costa de que
“o comentário que pautava dentro da companhia”.
Será que existe um lugar no mundo, repartição ou empresa, onde não haja “comentários”?
Conheço
dois dos diretores mencionados e quem os conhece não pode deixar de
achar um absurdo. Na diretoria de Gás e Energia, então, o diretor era
Ildo Sauer, um professor universitário (da USP) e hoje um colaborador de
Marina Silva. Na de Exploração e Produção, Guilherme Estrella, um
geólogo de carreira da empresa, aposentado, que voltou à Petrobras e
liderou a equipe que descobriu o pré-sal. Voltou à aposentadoria e cuida
do jardim de sua casa, em Nova Friburgo, com a mesma simplicidade que
cuidava antes.
Pois estes dois homens de quem nunca ouvi falar um
ai contra a honradez de suas condutas, sem um fato, um papel, um
depósito, um e-mail que seja estão expostos hoje no que só se pode
definir como um comportamento indigno da Justiça e do jornalismo.
Na
Folha, com base em uma suposta gravação do depoimento de Alberto
Yousseff, doleiro já condenado, figura manjada que voltou às falcatruas
depois de outra “delação premiada”, no caso Banestado, diz o seguinte:
“Tinha uma outra pessoa que operava a área de serviços (da Petrobras), que se eu não me engano era o senhor João Vaccari”.
Como
assim “se não me engano”? É “acho que era”? Qual é o valor disso para
acusar uma pessoa, em letras garrafais e um partido político?
Eu
também poderia achar que o finado Sergio Motta, tesoureiro do PSDB
“operava” para os tucanos, mas eu achar e nada é a mesma coisa, salvo se
eu tiver provas. E se não as tenho, como é que vou dar uma manchete
destas?
É inexplicável o papel do Juiz Sérgio Moro, sobretudo
depois de ver que surgiram versões clandestinas de outros depoimentos de
Paulo Roberto Costa à Polícia, de permitir gravações editadas, com
trechos do teor que citei, num processo que, pelos valores e gravidade
que envolve, está sob sigilo, ou deveria estar.
O seu tribunal é uma “peneira” de furos seletivos.
Seria
melhor que o juiz chamasse logo toda a imprensa para assistir e
perguntar, pois talvez – só talvez – saísse alguma indagação sobre “que
provas os senhores têm disso”?
A delação premiada, para ser
válida, tem de ser acompanhada da produção de provas, não pode ser
apenas concedida pela disposição de alguém, que ia gramar anos de
xilindró e agora vai ser solto, sair atirando acusações para todo lado
na base do “o que se comentava na companhia” ou do “se eu não me
engano”.
Que Paulo Roberto Costa metia a mão na bufunfa para se
beneficiar e aos seus padrinhos políticos – que não eram do PT, como ele
próprio admite – está claro. Mas que um imoral destes possa sair
acusando sem qualquer prova todo mundo e isso, também sem critério
algum, seja publicado e transformado em matéria prima eleitoral, sob o
patrocínio do Judiciário, é um escândalo.
Reflitam: não foi a
“cavação” de um repórter furão que obteve o teor das declarações: elas
foram feitas e divulgadas, quase que numa “coletiva”, nas barbas do juiz
que sustenta que aquilo corre sob sigilo.
E, com mais de 30 anos
de profissão, garanto a vocês, estes “furos coletivos” só acontecem
quando acontece, também, uma armação inconfessável, embora evidente a
qualquer pessoa decente.
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