ELEIÇÕES BRASIL 2014: DILMA NA CAMPANHA MAIS DURA

(Foto: Brasil 247)
"Obrigada por entender a importância da vitória de hoje," disse a presidente, ao ser cumprimentada pela vantagem de 8 pontos no primeiro turno 

Por Paulo Moreira Leite, no seu blog no site Brasil 247, de 06/10/2014

O PT caminhou para as urnas com um horizonte otimista sobre o desempennho de Dilma Rousseff. Uma parcela do partido até imaginava que a candidata poderia vencer em primeiro turno. Saiu da apuração diante do pior resultado desde que Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao Planalto, em 2003.

A presidente ficou com 41.59% dos votos contra 33.55% para Aécio Neves — a menor parcela de votos e uma das menores a vantagens alcançados por um candidato do PT depois que Lula deixou a condição de eterno perdedor em pleitos presidenciais para a de concorrente imbatível e padrinho sem igual. Havia festa nas reações do PSDB em São Paulo e um ambiente de perplexidade e dúvida entre os petistas que se reuniram com Dilma na noite de domingo, no teatro de eventos do Royal Tulipe, em Brasília.

Convém não esquecer, contudo, que, quando o primeiro turno terminou, Dilma se encontrava a oito pontos e uns quebrados da vitória. A distância, para Aécio, era duas vezes maior: dezesseis pontos e alguma coisa.

Dilma teve perto de cinco milhões de votos a mais em 2010, quando venceu o primeiro turno por 46,9% contra 32.6% de José Serra. Em 2002, Lula foi para o segundo turno com 46,44% contra 23,19% sobre José Serra. Em 2006, a diferença foi da mesma ordem de grandeza do que em 2014: 48,6% contra 41,6%. Mas Lula estava mais perto de vencer naquela época, a primeira eleição depois das denúncias da Ação Penal 470. Apesar da diferença menor, faltaram menos de 2% dos votos para liquidar a disputa em primeiro turno. O pleito de 2006 entrou para os anais do Partido dos Trabalhadores como uma disputa que só foi para o segundo turno por causa do escândalo dos aloprados, que explodiu às vésperas da votação. Pelos números de ontem, a distancia superior a oito pontos mostra que, no fim das contas, uma vitória em primeiro turno estava fora de toda cogitação realista, pelo menos depois que Marina Silva entrou na disputa.

Em 2010, a visão desfeita de uma vitória no primeiro turno deixou um rastro de desorientação. Dilma não tinha o que dizer numa entrevista aos jornalistas e o rosto amarrado sublinhava a decepção. Na noite de ontem,  quando recebeu cumprimentos pelo resultado da votação — merecidos afinal de contas, pois ficara em primeiro lugar — Rousseff reagia com simplicidade. “Obrigada, querido. Você compreende a importância da vitória de hoje.” Antes de entrar no palco, a presidente-candidata chegava a dançar nos bastidores, ao som da música da campanha.

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