Aécio Neves no debate da Band (Foto: DCM) |
O escândalo montado pela imprensa a
partir de declarações fragmentadas, vazadas seletivamente de um processo
criminal, vai para a pesquisa e depois volta para o noticiário. É assim que
funciona a “lavagem” de factoides.
Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa, em 16/10/2014
As duas pesquisas de intenção de voto divulgadas nesta quinta-feira (16/10) proporcionam um bom exemplo para a análise do protagonismo da imprensa na disputa eleitoral. O Estado de S. Paulo proclama: “Aécio e Dilma mantêm empate técnico, apontam pesquisas”. A Folha de S. Paulo anuncia: “A 11 dias da eleição, Aécio e Dilma mantêm empate”. O Globo afirma: “Disputa fica estável apesar de agressões”.
Nas linhas finas, os três jornais procuram destacar uma suposta vantagem numérica do candidato do PSDB, sendo que o Globo faz uma relação direta entre as trocas de acusações nas propagandas eleitorais e o resultado das consultas do Ibope e do Datafolha.
Também há análises observando que o apoio dado ao senador Aécio Neves pela ex-ministra Marina Silva e pela família do falecido ex-governador Eduardo Campos não ajudou muito o candidato. O Datafolha sugere, aliás, que o apoio de Marina mais atrapalha do que favorece o ex-governador de Minas.
Pesquisas devem ser levadas a sério, porque são usadas intensamente pelos partidos políticos e alimentam a pauta da imprensa. No entanto, é preciso desconfiar quando duas consultas feitas em datas diferentes apresentam resultados iguais, principalmente se se considerar que entre uma e outra ocorreram fatos relevantes, capazes de
O Ibope colheu seus dados entre os dias 12 e 14/10, antes do debate realizado pela TV Bandeirantes na noite de terça-feira (14), e o Datafolha saiu a campo no dia 14 e no dia seguinte, ou seja, sua amostragem foi parcialmente influenciada pelo debate.
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