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As espúrias alianças do PT com
personalidades e partidos de direita não podem ser separadas dos sucessivos
escândalos dos governos Lula e Dilma. Por que, então, nos comprometermos com as
posições, alianças e métodos desses governos?
Que diabo de tática é essa que no
máximo nos conduz, há tantos anos, a um social-liberalismo, ao enfraquecimento
progressivo das forças de esquerda e de centro e ao crescimento ameaçador das
forças de direita?
Por Duarte Pereira, jornalista (ver
observação abaixo) – da página web Correio
da Cidadania (enviado pelo companheiro Otto
Filgueiras)
As espúrias alianças do PT com
personalidades e partidos de direita não podem ser separadas dos sucessivos
escândalos dos governos Lula e Dilma. Por que, então, nos comprometermos com
as posições, alianças e métodos desses governos?
A
alternativa democrática do voto nulo no segundo turno deve ser examinada com
seriedade e sem temor.
Não
identifico diferenças substanciais entre as duas candidaturas. Não há, em
ambas, alianças com o grande capital e com a direita conservadora, não estão
envolvidas por escândalos de corrupção ativa e passiva assemelhados? Por que,
então, continuarmos nos atrelando à cômoda teoria do “mal menor”?
Ao
advertir para o falso dilema em que estamos enredados, o voto nulo não é,
neste momento, o bem menor? Não contribui para elevar a consciência crítica
de companheiros para a identidade básica no conteúdo e na forma de ambas as
propostas que restaram, identidade básica que as campanhas raivosas tentam
desesperadamente encobrir?
Com
um Congresso Nacional ainda mais conservador, alguém tem dúvida do que vai
ser necessário negociar para garantir a famosa “governabilidade” de um
eventual governo Dilma, para não falar de um eventual governo Aécio? Como o
fortalecimento do desenvolvimentismo capitalista pode aproximar-nos de um
socialismo atualizado?
A
tática não deve servir à estratégia? Que diabo de tática é essa que no máximo
nos conduz, há tantos anos, a um social-liberalismo, ao enfraquecimento progressivo
das forças de esquerda e de centro e ao crescimento ameaçador das
forças de direita? Se persistimos numa estratégia socialista, não
devemos buscar uma nova tática – ampla, mas combativa e mobilizadora, que
aproxime as forças de esquerda das forças de centro, mas invista contra as
diferentes forças conservadoras e de direita, representativas do grande
capital, nacional e transnacional, financeiro e produtivo?
Não
existem “atalhos” para as verdadeiras transformações sociais, nem
militaristas, nem pacifistas conciliadores. Se continuamos querendo essas
transformações, temos que voltar, cada um de nós no limite de suas
possibilidades, ao difícil e demorado caminho da mobilização, organização e
educação política das bases populares e de seus aliados.
Observação do Evidentemente:
Articulista do jornal Movimento nos
anos 70
Por Jadson Oliveira - jornalista/blogueiro - editor do blog Evidentemente
Para
militantes do movimento democrático, popular e de esquerda, Duarte Pereira
jogou um papel interessante nos anos 70, durante a fase mais dura da ditadura
brasileira, através do Movimento, jornal de resistência dirigido pelo
brilhante jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, hoje diretor da revista
Retratos do Brasil.
Os
mais jovens talvez não tenham referências a respeito, mas os da minha
geração, especialmente os mais ligados à ação do PC do B (Partido Comunista
do Brasil), clandestino na época, certamente recordam. Ele escrevia (clandestinamente)
a seção Ensaios Populares, espécie de editoriais, onde opinava sobre os temas
políticos mais quentes do momento. Teve grande influência entre a militância
de esquerda e sua visão era bastante acatada, chegando a ser considerada uma
orientação informal da direção do PC do B.
Os
leitores do jornal Movimento só souberam bem mais tarde do verdadeiro autor
dos Ensaios Populares. Duarte Pereira foi dirigente histórico da AP (Ação
Popular), que virou partido político autodenominado marxista-leninista depois
de seu início vinculado à militância católica. A AP se fundiu com o PC do B, mas
Duarte Pereira, que participou ativamente das discussões para a fusão, acabou
não se integrando ao PC do B.
Deve
ser um dos importantes personagens do livro “Revolucionários sem rosto – uma história
da Ação Popular”, de autoria do jornalista Otto Filgueiras, cujo primeiro
volume (serão dois) já começou a ser vendido no Rio de Janeiro.
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