Dilma em campanha na última sexta-feira, dia 19, em São Paulo (Foto: Página/12) |
FHC é um dos líderes mais consultados
pelas cadeias de comunicação internacionais, curiosas em saber até onde chega a
conversão, e portanto a credibilidade para o mercado global, da ex-ministra de
Lula.
Parte final da matéria do jornal
argentino Página/12, edição de
ontem, dia 21, assinada por Darío
Pignotti (de Brasília) e intitulada ‘Dilma voltou a crescer’ (o título
acima é deste blog). Link para ler toda a matéria, em espanhol
Desde
agosto, quando uma tragédia matou o então candidato (Eduardo) Campos dando vida
à postulação de sua sucessora, a popular Marina (Silva), e ferindo de morte
(salvo alguma reviravolta imprevista) as chances do social-democrata (tucano) Aécio
Neves, o também social-democrata (tucano) Fernando Henrique Cardoso (que havia
lançado a candidatura de Aécio) deu asas às suas fantasias de recuperar influência
no Palácio do Planalto, do qual se foi com mais de 70% de rejeição popular em janeiro
de 2003 para ser sucedido por Lula.
A
representante do Partido Socialista anunciou sua intenção de ter o ex-presidente
como um de seus conselheiros (interlocutor ante empresários e potências
ocidentais?) se for eleita no próximo mês. Rapidamente
FHC se livrou, de fato, de seu correligionário Aécio para tornar-se um fiador
internacional de Marina. Nessa
condição viajou aos Estados Unidos onde assegurou, diante duma plateia de investidores
em Nova Iorque, que com ela farão bons negócios e, dias mais tarde, concedeu uma
entrevista a Andres Oppenheimer, do jornal El Nuevo Herald, da sulista Miami.
“A visão
predominante (no governo Dilma) é antiquada, terceiro-mundista, dos anos sessenta
ou setenta, creio que Marina Silva não tem essa mesma visão, tão antiquada, é mais
aberta a respeito da questão externa... Há uma espécie quase de cumplicidade do
governo do Brasil com os desatinos da Argentina”, cujas autoridades se opõem à
assinatura dum acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, se
queixou Cardoso ante o Herald.
“A vitória
da oposição poderia significar uma espécie de ruptura na atual política
exterior do Brasil”, ponderou o último governante brasileiro que viajou a
Washington nos marcos duma visita de Estado, tendo como anfitrião seu amigo, o
democrata Bill Clinton.
Em 2013,
Dilma Rousseff recebeu um convite de Barack Obama para viajar com o mesmo status
– visita de Estado –, porém ela o rechaçou em protesto contra a espionagem sofrida
por seu gabinete e os escritórios da Petrobras perpetrada pela agência (estadunidense)
NSA, episódio que resultou num virtual congelamento das relações bilaterais,
que Cardoso acredita que serão reaquecidas se Marina vencer.
“Há uma
paralisação da política externa... (porque) o coração de muitos ministros (de
Rousseff) é, para dizê-lo numa simples palavra, ‘bolivariano’”, se espalhou
Cardoso.
Na
atualidade, Cardoso é um dos líderes mais consultados pelas cadeias de
comunicação internacionais, curiosas em saber até onde chega a conversão, e
portanto a credibilidade para o mercado global, da ex-ministra de Lula, Marina
Silva, que se desfiliou do PT em 2009.
El Nuevo
Herald, de Miami, assim como seu colunista Andrés Oppenheimer, parecem
persuadidos de que Marina merece ser respaldada na sua condição de alternativa
real ante uma Dilma “intervencionista” e hostil a Washington.
Desde
algumas semanas, Oppenheimer questiona Dilma e faz votos por uma vitória
opositora em seus artigos no jornal e em seu programa na CNN. “Acredito que isto
poderia ajudar o Brasil a voltar à senda do crescimento e poderia fazer mudar o
rumo econômico de toda a região”, diz cheio de esperança o jornalista, diante da
hipótese plausível duma vitória da dirigente ambientalista.
Contudo,
cabe recordar que os presságios de Oppenheimer costumam ser desmentidos pela
realidade: faz 21 anos, o jornalista nascido em Buenos Aires publicou o livro
La hora final de (Fidel) Castro, com o subtítulo “A história secreta por trás da
iminente queda do comunismo em Cuba”.
Tradução: Jadson Oliveira
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