Marina Silva (Foto: Carta Maior) |
Os verdes, quando se destacam da esquerda, terminam, pela via da equidistância da esquerda e da direita, despolitizando-se e fazendo o jogo da direita.
Por Emir Sader, no Blog do Emir/Carta Maior, de 20/09/2014
Originalmente as
reivindicações ecologistas surgiram no seio dos partidos de esquerda,
enriquecendo e ampliando suas plataformas. Na saída da estreita visão de
que a resolução da contradição capital x trabalho resolveria a todas as
outras, reivindicações de gênero, de etnia, de meio ambiente, vieram
renovar a esquerda.
Mas esse processo afetou também os partidos tradicionais da esquerda. Alguns aderiram a variantes do neoliberalismo – como os social democratas ou nacionalistas -,outros
foram diretamente afetados pelo fim da URSS – em particular os partidos
comunistas. Nesse marco movimentos sociais e mesmo ONGs participaram
ativamente da resistência ao neoliberalismo ascendente.
Com as novas temáticas e essas transformações no campo político-partidario, surgiram também novos enfoques teóricos, que passaram a se centrar na “sociedade civil” em lugar de abordagens de classes sociais, com um forte viés anti-Estado, anti-partido, anti-política. O próprio Forum Social Mundial foi organizado nesse movimento, proibindo a participação de partidos e se localizando no campo da “sociedade civil”.
O partido verde de maior projeção internacional, o alemão, protagonizou o caso mais significativo. Porque teve mais apoio eleitoral, ocupou cargos mais importantes – o de Ministro e Vice-Ministro de Relacoes Exteriores, com Joschka Fischer, de 1998 a 2005, no governo de Gerhard Schroeder – e aí pôde evidenciar mais claramente como realismo politico levou os verdes alemães a desempenhar um papel muito negativo. Fischer apoiou a todas as aventuras militares norte-americanas, incluídas todas as do governo de George Bush.
Na França, sem ocupar cargos de governo, os verdes, sob a liderança de Daniel Cohn-Bendit, se descaracterizaram completamente, até mesmo como força de esquerda. Aqui mesmo no Brasil, a imagem de Fernando Gabeira seguiu trajetória similar e ainda pior, tornando-se aliado estreito dos governos e candidaturas tucanas.
Não é portanto novidade que Marina Silva, aquela que parecia diferenciar-se dos outros lideres verdes ao fazer parte do governo de esquerda no Brasil, terminasse reproduzindo a mesma descaracterização. Seu passado verde já nem deixou marcar na sua plataforma atual – pro capital financeiro e pro capital estrangeiro. E’ apenas mais um exemplo de que os verdes, quando se destacam da esquerda, terminam, pela via da equidistância da esquerda e da direita, despolitizando-se e fazendo o jogo da direita.
Mas esse processo afetou também os partidos tradicionais da esquerda. Alguns aderiram a variantes do neoliberalismo – como os social democratas ou nacionalistas -,
Com as novas temáticas e essas transformações no campo político-partidario, surgiram também novos enfoques teóricos, que passaram a se centrar na “sociedade civil” em lugar de abordagens de classes sociais, com um forte viés anti-Estado, anti-partido, anti-política. O próprio Forum Social Mundial foi organizado nesse movimento, proibindo a participação de partidos e se localizando no campo da “sociedade civil”.
O partido verde de maior projeção internacional, o alemão, protagonizou o caso mais significativo. Porque teve mais apoio eleitoral, ocupou cargos mais importantes – o de Ministro e Vice-Ministro de Relacoes Exteriores, com Joschka Fischer, de 1998 a 2005, no governo de Gerhard Schroeder – e aí pôde evidenciar mais claramente como realismo politico levou os verdes alemães a desempenhar um papel muito negativo. Fischer apoiou a todas as aventuras militares norte-americanas, incluídas todas as do governo de George Bush.
Na França, sem ocupar cargos de governo, os verdes, sob a liderança de Daniel Cohn-Bendit, se descaracterizaram completamente, até mesmo como força de esquerda. Aqui mesmo no Brasil, a imagem de Fernando Gabeira seguiu trajetória similar e ainda pior, tornando-se aliado estreito dos governos e candidaturas tucanas.
Não é portanto novidade que Marina Silva, aquela que parecia diferenciar-se dos outros lideres verdes ao fazer parte do governo de esquerda no Brasil, terminasse reproduzindo a mesma descaracterização. Seu passado verde já nem deixou marcar na sua plataforma atual – pro capital financeiro e pro capital estrangeiro. E’ apenas mais um exemplo de que os verdes, quando se destacam da esquerda, terminam, pela via da equidistância da esquerda e da direita, despolitizando-se e fazendo o jogo da direita.
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