(Foto: Luis Nassif Online) |
Não mais que de repente, o factoide de Veja traz a esperança de uma respiração boca a boca capaz de ressuscitar a candidatura Aécio.
Por Luis Nassif, no seu Luis Nassif Online, de 08/09/2014
Sobre a posição atual dos grupos de mídia
A atuação da mídia como partido foi liderada pelo falecido Roberto Civita, do grupo Abril, inspirado no modelo de atuação de Rupert Murdock nos Estados Unidos.
Sentindo o fim do monopólio virtual do mercado de opinião, com o avanço da Internet, Murdock montou uma frente política com os demais grupos de midia para eleger o seu presidente. Buscou na ultra-direita a retórica mais virulenta, inaugurou os ataques pessoais a políticos e jornalistas "inimigos", inundou o país de boatos e injúrias da pior espécie, disseminando-as pelas redes sociais. E valeu-se de todos os recursos dos grupos de mídia - dramatização da notícia, demonização do inimigo, aceno com o fim dos tempos - para emplacar seu candidato.
Perdeu e a primeira atitude de Barack Obama, eleito, foi convidar os presidentes da Apple, Google e Facebook para visitá-lo na Casa Branca.
Foi a marca das eleições brasileiras de 2006 e, especialmente, de 2010.
O padrão é cansativo, de tão previsível.
Veja saia na frente com seus factoides e o grupo repercutia em seguida. O fórum de orquestração se dava no Instituto Millenium. A um mês das eleições, aumentava-se a dose e tentava-se a bala de prata.
A morte de Civita acelerou o processo de perda de rumo dos grupos de mídia Pagou-se um preço caro com a orquestração contra a Copa do Mundo, que marcou o fundo do poço da credibilidade da mídia.
Sem a antiga orquestração, os jornalões passaram a agir com o fígado, sem obedecer a uma estratégia concatenada.
De um lado, perceberam que precisariam recuperar credibilidade para dar eficácia às rodadas de ataque que antecederiam as eleições. Aí um jornal levanta o caso do aeroporto de Aécio, os outros vão atrás, na crença de um escândalo menor legitimando os escândalos maiores contra o PT. De repente, o tema sai do controle, e Aécio se queima.
Depois, vêem Marina subindo, e ajudam na ascensão.
No meio do caminho dão-se conta de uma realidade:
1.
Aécio lhes garante a volta ao controle do Estado.
2.
Com Dilma, nada perdem, mas nada ganham. Dilma mantém a cartelização da
publicidade, mas não faz negócios.
3.
Marina é uma incógnita. Seu programa aprofunda o conceito de democracia
participativa ao mesmo tempo em que ela se curva às pressões de pastores
evangélicos - o grupo que mais cresceu na mídia tradicional, enfrentando
inclusive o poder da Globo. A política econômica é mercadista mas seus princípios
ambientais são contra a economia real. Ora ela diz sim, ora ela diz não.
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