“Ainda temos tarefas pendentes em matéria de verdade, justiça e reparação”, disse Bachelet. |
Bachelet pediu aos militares que
entreguem informação: são muitas as vozes que pedem há anos ao exército chileno
que aporte informação relevante para avançar na Justiça e na reconciliação. Chegando
mais um novo 11 de setembro.
Por Christian Palma, de Santiago – do jornal argentino Página/12, edição de 09/09/2014
Na
quinta-feira (hoje) transcorre um novo 11 de setembro, talvez a data mais
nefasta na história moderna do Chile. Neste dia, há 41 anos, os militares
perpetraram um golpe de Estado que terminou com o presidente Salvador Allende morto
no interior de um bombardeado Palácio de La Moneda e o país entrou num processo
onde os direitos humanos foram apagados por meio de torturas, desaparecimentos e
mortes. Com os anos, a verdade tem aparecido a conta-gotas e são muito poucos os
oficiais presos por sua participação na barbárie. Dos prisioneiros
desaparecidos que ainda não foram localizados se sabe muito pouco, tanto assim
que são muitas as vozes que pedem já faz anos ao exército que entregue informação
para avançar na justiça e reconciliação e terminar com o denominado “pacto de
silêncio”.
Nesta
linha, a presidenta Michelle Bachelet, que participou na segunda-feira, dia 8, da
inauguração do memorial dos detidos-desaparecidos e executados políticos da
Agrupação Nacional dos Empregados “Fiscales” (ANEF – dos funcionários públicos
chilenos), instou aos que têm “informação relevante” sobre casos de violações aos
direitos humanos a entregá-la. Num ato em frente ao edifício Tucapel Jiménez
(dirigente da ANEF assassinado na ditadura), a médica socialista (Bachelet é do
Partido Socialista) disse que “ainda temos tarefas pendentes em matéria de
verdade, justiça e reparação. Passaram-se mais de 40 anos, cada dia vemos novas
condenações, avançamos, é certo, porém não no ritmo que a sociedade e os
familiares das vítimas nos exigem”.
Bachelet
acrescentou que “necessitamos que se faça justiça, necessitamos que essa justiça
seja rápida, e necessitamos para que isso seja possível que os que têm informação
relevante, sejam civis ou militares, a entreguem”. Neste sentido, citou o
presidente da Corte Suprema, Sergio Muñoz, ao assumir a coordenação nacional das
causas dos Direitos Humanos. “Daqui a 40 anos mais a sociedade nos vai pedir contas
do que fizemos, e eu acrescentaria, e do que não fizemos também.”
Disse
ademais que “é o momento de por fim ao silêncio e à impunidade, é o momento de nos
irmanarmos na verdade, pelo Chile, por seus filhos, suas filhas, netos e netas,
pelo futuro desta pátria nossa, dos homens e mulheres que hoje rememoramos, e
dignificaram e serviram com tanto amor”.
Em
seguida, Bachelet pediu aos tribunais de Justiça mais celeridade ao investigar as
violações aos direitos humanos cometidas durante a ditadura militar e instou a
“por fim ao silêncio”, dirigindo-se aos que tenham informação sobre o paradeiro
de detidos-desaparecidos.
Continua em espanhol:
Las palabras de la presidenta llegan unos días después de una entrevista
dada por el comandante en jefe del ejército, Humberto Oviedo, quien negó que
exista “un pacto de silencio” institucional para ocultar información sobre el
paradero de detenidos-desaparecidos.
“Yo puedo dar fe de que en el ejército que me ha tocado comandar hoy día
no existe ese pacto de silencio”, declaró Oviedo, subrayando que la institución
ha colaborado con la Justicia “para entregar la información que esté
disponible”.
El pasado domingo, la semana en la que Chile conmemora el 11 de
septiembre, la Agrupación de Familiares de Detenidos-Desaparecidos (AFDD)
marchó en memoria de las víctimas, y exigió el fin de la impunidad y del “pacto
de silencio” que a su juicio (que na sua opinião) existe en las fuerzas armadas
para no facilitar información o (ou) detalles que ayuden a dar con el paradero
de las personas aún desaparecidas.
En respuesta a ello (a isso), Oviedo destacó que “ha sido sistemática la
necesidad de actuar con las autoridades de justicia para entregar la
información que esté disponible en el ejército. Distinto (Diferente) es con aquellas
personas que están en condición de retiro (aposentadas, reformadas) que, por
efectos de su defensa y conforme a la ley se los permita, puedan entregar o no (ou
não) los testimonios que ellos estimen convenientes... Pero eso no es un pacto
que tenga la institución y menos con ellos, sería irresponsable y además que no
se podría”, agregó.
La dictadura de Pinochet dejó 3200 muertos y más de 38.000 detenidos y
torturados, según datos oficiales. Actualmente unos 60 militares cumplen
condenas (condenações) por violaciones a los derechos humanos durante la
dictadura.
Tradução
(parcial): Jadson Oliveira
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