Humberto de la Calle (esq.), delegado do governo, fala com Iván Márquez (codinome), representante das FARC (Foto: EFE/Página/12) |
O governo colombiano e as FARC
criam uma subcomissão de gênero para o processo de paz em Havana: somente entre
2001 e 2009, 489.687 mulheres de 407 municípios da Colômbia foram vítimas de
violência sexual.
Matéria do jornal argentino Página/12, edição de ontem, dia 8
A mesa de
diálogo em Havana, entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e
o governo colombiano armou uma subcomissão de gênero para incluir a voz das mulheres
nos consensos adotados e num eventual acordo que surja dessas conversações. Cinco
membros escolhidos pela delegação governamental e cinco pela guerrilha
colombiana formarão o grupo, embora ainda não se tenha acertado os nomes das
integrantes nem qual será sua agenda de trabalho, aspectos que, se espera, sejam
concretizados numa próxima reunião, explicaram fontes próximas da mesa
negociadora. Numa declaração que leu para a imprensa, a participante da delegação
governamental, Nigeria Rentería, explicou que o objetivo da subcomissão não é
considerar as mulheres a partir de um olhar de vítimas, mas como sujeitas a direitos
e protagonistas.
“A Colômbia
de ontem, de hoje e a que esperamos que seja construída com a contribuição das
mulheres, por isso, hoje se requer que reconheçamos o efeito diferenciado que teve
o conflito em suas vidas, suas problemáticas, interesses e necessidades
particulares”, indicou a funcionária e alta conselheira para a Equidade da Mulher
do governo colombiano. Rentería destacou que as mulheres sentiram o impacto do
conflito em seus corpos e em suas vidas, e que como principais construtoras do
tecido social, suas contribuições ao desenvolvimento e progresso da Colômbia jogarão
um papel fundamental no processo de construção da paz”. Pela delegação das
FARC, a guerrilheira Victoria Sandino (codinome Judith Simanca) ressaltou que a
discriminação das mulheres é uma realidade na Colômbia, no âmbito doméstico, na
sociedade em geral e no contexto do conflito social e armado.
“O
Estado, por ação ou por omissão, é o principal responsável por esta situação”, assinalou
Sandino, que leu um comunicado ao lado do resto das mulheres que compõem a
delegação da guerrilha colombiana. As FARC destacaram que seus estatutos reconhecem
a igualdade entre homens e mulheres, punem severamente os maus-tratos e o
delito sexual está tipificado como um crime grave. Neste sentido, denunciaram
as campanhas difamatórias e manipulações que pretendem vincular as ações da
guerrilha com práticas de violência sexual, abuso, tráfico ou escravidão, enquanto
é um fato reconhecido que as forças do Estado, oficiais e paraestatais, as
aplicam como política de pressão. “A violência sexual como arma de guerra é uma
prática sistemática das forças do Estado e do paramilitarismo”, reiterou a
guerrilheira da delegação.
Continua
em espanhol:
Sandino también dijo que las mujeres viven y sufren de forma particular
los impactos del conflicto, de manera que en ocasiones se convierte en una
discriminación múltiple por razones de edad, clase social, orientación sexual,
prisionera política o condición de desplazada (ou condição de deslocada,
refugiada). Según datos oficiales, el 48 por ciento de los más de 6,5 millones
de víctimas totales que dejó el conflicto colombiano son mujeres: entre 1985 y
2014 se contabilizaron 2474 casos de violaciones, la mitad de ellas cometidas
por el ejército y la policía. Sin embargo (No entanto), otro informe más
exhaustivo de la Casa de la Mujer y Oxfam determina que sólo entre 2001 y 2009,
489.687 mujeres de 407 municipios donde la fuerza pública, la guerrilla y los
paramilitares tienen presencia, fueron víctimas de violencia sexual, aunque un
82 por ciento de las mujeres nunca realizó la denuncia correspondiente por
miedo o (ou) falta de información.
La subcomisión de género se conformó (foi decidida) en una sesión
encabezada por los negociadores de paz del gobierno colombiano, el ex
vicepresidente Humberto de la Calle, y de las FARC, Iván Márquez, realizada en
el Palacio de las Convenciones de La Habana.
Tradução
(parcial): Jadson Oliveira
Comentários