“Parece que os Estados Unidos só têm como resposta o garrote”, disse Elías Jaua (Foto: AFP/Página/12) |
O chanceler venezuelano tachou as
medidas dos Estados Unidos de “grito desesperado”: Jaua assinalou que a fúria dos
Estados Unidos é bem-vinda se ela vem no sentido de cobrar da Venezuela o papel
na luta por uma América Latina unida, em desenvolvimento, sem pobreza, estável.
“É uma demonstração de muita imaturidade”, disse sobre as sanções.
Matéria do jornal argentino Página/12, edição de hoje, dia primeiro (o uso da palavra "império" no título acima fica por conta da edição deste blog)
O
ministro venezuelano das Relações Exteriores, Elías Jaua, declarou esta semana
que a decisão dos Estados Unidos de suspender os vistos de representantes do
governo venezuelano representa uma resposta desesperada. “É uma reação mais do
governo dos Estados Unidos contra o papel que joga a Venezuela na construção dum
mundo novo, duma América Latina integrada. Parece que os Estados Unidos só têm
como resposta o garrote”, sustentou o ministro caribenho numa entrevista
coletiva à imprensa. O titular da carteira de Relações Exteriores negou ademais
que o país tenha exercido pressões sobre Aruba para liberar o ex-chefe da
inteligência militar Hugo Carvajal, detido na ilha e logo em seguida liberado
por decisão da Holanda. Jaua disse que o governo venezuelano está satisfeito pela
decisão da Holanda sobre Carvajal, que foi proposto como cônsul em Aruba e após
ser liberado foi declarado persona non grata.
Sobre o incidente
com Washington, Jaua observou que a fúria dos Estados Unidos é bem-vinda se ela
vem no sentido de cobrar da Venezuela o papel na luta por uma América Latina
unida, em desenvolvimento, sem pobreza, estável. “Entendemos todas estas agressões
do Departamento de Estado como o grito desesperado dos que sabem que o mundo
está mudando e não têm outra fórmula de se relacionar com essa nova realidade
que não seja com o atropelo e a prepotência imperial; mas cada dia mais o direito
internacional prevalecerá”, augurou. As expressões de Jaua são uma resposta à
decisão do Departamento de Estado de lançar restrições para viagens aos Estados
Unidos de representantes do governo da Venezuela, aos quais acusa de cometer
violações dos direitos humanos.
Por sua
vez, a medida do governo norte-americano sobre os vistos ocorre depois do governo
dos Estados Unidos se mostrar decepcionado pela liberação ordenada pela Holanda
do ex-chefe da inteligência militar venezuelano Hugo Carvajal, acusado de supostos
vínculos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e redes de
narcotráfico. A porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, assinalou que
não serão mencionados publicamente os funcionários que tiveram os vistos
suspensos, devido à confidencialidade do registro que pesa sobre eles. De qualquer
forma, disse que a mensagem era clara: “Aqueles que cometam estas violações
(aos direitos humanos) não serão bem-vindos aos Estados Unidos”.
Harf
afirmou também que, nos últimos meses, a Venezuela foi cenário de protestos de
grande envergadura de manifestantes preocupados pela deterioração das condições
econômicas, sociais e políticas. “Forças de segurança governamentais responderam
a estes protestos em vários casos com detenções arbitrárias e uso excessivo da
força”, afirmou. Os protestos contra o presidente Nicolás Maduro deixaram pelo
menos 43 mortos e em torno de mil feridos, e o governo defendeu o uso da força
pública para conter as manifestações.
Jaua, por
seu lado, aconselhou as autoridades do Departamento de Estado a serenar-se e considerar
o que ocorre na América Latina com muita seriedade. “Sobretudo compreender que
estas iniciativas políticas internacionais de cooperação que aconteceram não são
contra elas, mas sim uma grande oportunidade, como disse o presidente (do
Uruguai) José Mujica, para que nossa América comece a ter relações em pé de
igualdade com outros blocos da região”, ressaltou. Jaua agregou que os Estados Unidos
perderam uma grande oportunidade de se relacionar com a América Latina e de
“ganharem o respeito com laços de cooperação sincera” e “não de espoliação e
exploração dos nossos povos”.
Continua em espanhol:
Sobre el caso Carvajal, el canciller dijo desconocer las razones por las
cuales Aruba declaró persona no grata al ex jefe de inteligencia militar. Un
tribunal de Estados Unidos había solicitado la detención del ex militar
venezolano y parecía inminente su extradición, antes de que Aruba lo liberara.
Al respecto, Jaua señaló que Holanda, que administra el territorio de Aruba,
cumplió con el derecho internacional al ordenar la liberación de Carvajal,
“cosa que Estados Unidos no conoce porque permanentemente lo viola”.
El canciller afirmó que funcionarios de Estados Unidos hicieron
declaraciones destempladas sobre el caso y que mandaron a decir otras cosas en
privado. “Es una demostración de mucha inmadurez (imaturidade) y mucha
irracionalidad con respecto a las relaciones de respeto que deben tener dos (dois)
países. La liberación se produjo en el marco del derecho internacional, sin
ningún tipo de presión que no sean los argumentos jurídicos y diplomáticos que
hicimos llegar a Holanda en dos (duas) oportunidades”, recordó.
Afirmó además que Venezuela alegó que Carvajal gozaba de inmunidad como
cónsul. “Fue con argumentos; nosotros no somos como Estados Unidos, nosotros no
presionamos a nadie (ninguém), no chantajeamos a nadie (ninguém). Nosotros
andamos con la verdad, con la ley por delante, y afortunadamente cada día hay
en el mundo más países que entienden que la base del respeto y la convivencia
entre los países es el respeto al derecho internacional”, aseguró.
Tradução (parcial): Jadson
Oliveira
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