O representante venezuelano junto à OEA, Roy Chaderton Matos (Foto: Aporrea) |
“(Temos) razão para confiar em que mais cedo do que tarde nossos próprios irmãos judeus torcerão o braço dos assassinos que hoje matam em seu nome”.
Por: Prensa Web RNV | 18/08/2014 – traduzido do portal Aporrea.org
O embaixador venezuelano na Organização dos Estados Americanos (OEA), Roy Chaderton Matos, conclamou todos os países do mundo a denunciar os recorrentes crimes de desprezo racial ou cultural cometidos pelos governos de Israel contra o povo palestino.
Através duma carta, o diplomata analisa e mostra esperanças de que o povo judeu mais cedo do que tarde "torcerá o braço dos assassinos que hoje matam em seu nome".
O pedido foi feito através duma carta que segue na íntegra:
Do gueto de Varsóvia ao gueto de Gaza; rumo ao holocausto palestino pela rota do nazionismo
Chamado aos nossos irmãos judeus
Minha sensibilidade e solidariedade ante o sofrimento histórico do povo judeu começaram desde menino em minha própria casa quando me contavam os horrores do nazismo na Segunda Guerra Mundial.
Durante minha adolescência, esse sentimento se consolidou. Estudei muito sobre o tema e com olhos desprevenidos e inocentes li romances de Leon Uris, entre eles, "Mila 18″, cujo título corresponde ao endereço do Quartel General da Insurreição dos judeus poloneses contra o opressor nazista no gueto de Varsóvia (irônico: Mila em polonês se pronuncia /miua/ que significa simpática).
Minha carreira diplomática começou na Polônia e ali, em Mila 18, há um monumento diante do qual se ajoelhou nos anos 70 o Chanceler Federal alemão Willy Brandt, como pedindo perdão pelos crimes da SS e da Gestapo.
Hoje Gaza parece uma repetição desgraçada da história. Até 1492, conviviam na Espanha judeus, cristãos e muçulmanos, foi um sonho de tolerância frustrado pelos reis Isabel "A Católica" e Fernando de Aragão. Então, os mouros foram derrotados militarmente depois de 800 anos na Espanha e os judeus arrancados de seus lares depois de 1.300 anos e expulsos para a diáspora, mas em sua desgraça encontraram proteção nos países muçulmanos do Oriente Próximo e Oriente Médio.
Em 1948, os palestinos foram despojados de suas terras pelos israelitas; Castigados pelos crimes nazistas!
Na Polônia, visitei o campo de concentração de Auschwitz, um museu do horror, macabro. Percorri galpão por galpão; em um, um depósito de maletas das milhares e milhares de vítimas, com as etiquetas e marcas de seus lugares de origem; passei a outro galpão, o depósito de óculos e me comovi, depois ao seguinte, abarrotado de dentaduras e minha alma assaltada pelo horror porém, finalmente, no último galpão, desatei em lágrimas ao entrar no depósito de brinquedos e roupas de crianças; então me disse: NUNCA MAIS!
Meditando sobre Gaza, me veio uma visão horrível sobre o sofrimento do povo palestino. Ao ver as imagens de crianças esquartejadas pela metralha israelita ou sobreviventes mutilados ou desfigurados pelo implacável invasor haveria de se perguntar se os psicopatas militaristas de Israel, causadores de terremotos ininterruptos, os dos drones e do fósforo branco contra a população civil, escolas, refúgios e hospitais palestinos estão se igualando em crueldade aos genocidas que causaram o holocausto judeu.
É assim que neste agosto de 2014 não posso derramar menos lágrimas pelas crianças palestinas do que as que derramei antes pelas crianças de Auschwitz.
A quem poderia ter ocorrido que a elite militarista de Israel iria executar estratégias de pogroms, de diáspora, de guetos, de extermínio e de solução final contra um povo inocente que é seu irmão desde os tempos bíblicos? Isso clama a ira de Deus, mas também nos faz chamar todos os judeus do mundo a protestar e se levantar contra os monstros que governam o Estado de Israel.
A história do povo judeu em retrospectiva o mostra sempre solidário com as causas mais progressistas.
Karl Marx, Rosa Luxemburgo, León Trotski, Hannah Arendt , Irving Berlin, os mártires judeus na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos ou contra as ditaduras militares da América do Sul, Albert Einstein, o Prêmio Nobel Joseph E. Stiglitz, Noam Chomsky, Oliver Stone, Woody Allen, Jacobo Timmerman, Ariel Dorfman, Steven Spielberg, Sigmund Freud, dentre tantos, são alguns dos heróis ou gênios dados pelo povo judeu à humanidade; por isso temos que denunciar os recorrentes crimes de desprezo racial ou cultural cometidos pelos governos de Israel; razão para confiar em que mais cedo do que tarde nossos próprios irmãos judeus torcerão o braço dos assassinos que hoje matam em seu nome.
MPPRE/Roy Chaderton Matos (MPPRE – Ministério do Poder Popular das Relações Exteriores da Venezuela)
Tradução: Jadson Oliveira
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