Duas mulheres observam um cartaz com mensagens durante o Foro sobre as Vítimas em Cali (Foto: EFE/Página/12) |
As vítimas do conflito armado
começaram a recopilar suas propostas para a paz: os negociadores do governo de
Santos e das FARC levarão à mesa de negociação em Havana as reclamações dos prejudicados,
para avançar no quarto ponto da agenda para firmar a paz: a reparação.
Matéria do jornal argentino Página/12, edição de ontem, dia 4
As vítimas do conflito armado colombiano começaram
a recopilar suas propostas para a paz, conscientes de que será impossível
conseguir uma representação que seja igualitária para todos na mesa de negociação
de paz que levam adiante o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(FARC) em Havana. O presidente reeleito, Juan Manuel Santos, reiterou neste
domingo (dia 3) que o diálogo que seu governo entabulou com a guerrilha
colombiana é talvez a última oportunidade que tem o país para acabar o conflito
armado que sofre há mais de meio século. “Avançamos rumo à paz num processo
digno, realista e eficaz que representa a maior oportunidade, talvez a última e
única em nossa história, para terminar um conflito de mais de meio século”, disse
o mandatário.
Santos fez
essa afirmação ao entregar o balanço de seu primeiro mandato, que terminará na
quinta-feira, dia 7. Na semana passada, depois que recrudesceram atentados das
FARC, Santos advertiu que consideraria a possibilidade de interromper o processo
de paz se o grupo insurgente continuava atacando a população civil. No diálogo
que se realiza em Havana desde novembro de 2012, as partes já alcançaram acordos
preliminares acerca do desenvolvimento agrário, da participação na política dos
guerrilheiros que se desmobilizem e do narcotráfico, três dos cinco temas da
agenda pactada. As conversações serão retomadas em meados deste mês, para
discutir a situação das vítimas do conflito armado.
No
domingo, a cidade de Cali foi o cenário escolhido para começar a reagrupar as conclusões
de centenas de petições que, ao longo do mês de julho, foram recolhidas em três
foros regionais organizados pelas Nações Unidas (ONU) e pela Universidade
Nacional. A elas foi encomendado, por parte dos negociadores das FARC e do governo,
que sintetizassem as reclamações das vítimas para incluí-las no quarto ponto dos
cinco que compõem a agenda para se firmar a paz: a reparação às vítimas. E
ocorre que este aspecto é talvez o mais delicado, pois a contenda deixa 220.000
mortos, uns 25.000 desaparecidos, 5,7 milhões de deslocados (refugiados) e
27.000 sequestrados, além de cerca de 2.000 massacres, segundo dados do Centro
de Memória Histórica.
Para começar
a abordar a questão restam apenas duas semanas, pois se espera que a primeira das
cinco delegações de representantes das vítimas chegue a Havana em 16 de agosto,
mas os participantes do foro de Cali já dão por consumado que a representação não
será justa. “Eu só aspiro a deixar claro – porque não creio que eu vá a Havana –
que nos respeitem, que não utilizem este foro para atrair pessoas que a única
coisa que fazem é dar entrevistas e aparecer bonito”, disse Luis Enrique
Reinoso, vítima e representante de mais de 160.000 refugiados. Reinoso foi
encarcerado pelo Estado acusado de atos que foram demonstrados serem falsos. Porém
quando voltou a sua casa, numa zona rural, as FARC o consideraram amigo do governo,
e como consequência teve que fugir. Reinoso considera que os que ocupam a mesa
central são vítimas de alto nível ou de primeira categoria, e, como assume que já
perdeu a batalha para conseguir visibilidade no processo, anuncia que buscará
dar a conhecer a situação real das vítimas, eclipsada, segundo ressalta, pela
publicidade internacional.
Continua
em espanhol:
Su crítica manifiesta resume el sentir de los asistentes al foro (dos
participantes do foro), que no es ajeno a la ONU (que não é ignorado pela ONU),
como demostró en su intervención inaugural el director de este organismo en
Colombia, Fabrizio Hochschild. “La discusión sobre lo que constituye un
equilibrio justo es sensible y dolorosa. La ONU no puede definir cuál es el
equilibrio justo ni lo pretendemos”, afirmó el funcionario. Para víctimas como
Manuel Restrepo, que prefiere mantener su verdadera identidad oculta, estas
palabras escenifican su caso, pues pertenece al grupo con menos representación
en este foro, las víctimas de las FARC.
“Creemos que se les da más prioridad a otros sectores que a nosotros,
porque cuando vemos que vamos a reclamar a la guerrilla, sentimos que no vamos
a ser recibidos. Reclamamos participación y no hemos obtenido respuesta”,
aseguró Restrepo, que también tuvo que dejar atrás sus tierras, acusado de ser
un espía del gobierno. Cómo dar representación equitativa para los 6,5 millones
de víctimas de Colombia es una cuestión especialmente compleja de abordar en el
foro de Cali, reconoció Marco Romero, coordinador del evento y director de la
Consultoría para los Derechos Humanos y el Desplazamiento (Codhes), dependiente
de Acnur.
“Este no es un encuentro para hacer mayorías, sino para sistematizar
propuestas”, aseguró Romero, que confirmó que los grupos más numerosos del foro
son víctimas de Estado y paramilitares.
Tradução
(parcial): Jadson Oliveira
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