Marina trouxe uma representante do 1% do PIB mundial para o comando de
sua campanha.
O que a turma de 1% quer é eliminar o Estado de Bem-Estar Social aonde existe,
ou impedir seu crescimento, ande está para ser construído.
Por Paulo Moreira
Leite, no seu blog no site 247,
de 22/08/2014
Na década de
1960, quando o embaixador norte-americano Lincoln Gordon dava seguidas e
constrangedoras demonstrações de poder junto aos generais que tentavam dar a
impressão de mandar no Brasil após o golpe militar, o jornalista Paulo Francis
cunhou uma frase que ficou famosa: “chega de intermediários. Lincoln Gordon
para presidente.”
Sessenta anos se passaram e o Brasil mudou bastante desde então. Morto em 1997,
o próprio Paulo Francis tornou-se um barítono da direita brasileira, servindo
de mestre para um conservadorismo que não conseguia renovar-se por si próprio.
O país se democratizou, os brasileiros fizeram uma constituição democrática e,
dentro de poucas semanas, irão votar para presidente pela sétima vez
consecutiva, em ambiente de paz e plena liberdade de expressão — isso nunca
aconteceu na república brasileira, em período algum.
Com um histórico de desigualdade e exclusão, na última década o país conseguiu
avanços memoráveis na luta contra a pobreza, por uma melhor distribuição de
renda. É inegável.
Mas nem tudo se modificou, como mostra Fernando Rodrigues, na Folha de hoje.
Mas nem tudo se modificou, como mostra Fernando Rodrigues, na Folha de hoje.
A entrevista de Maria Alice Setúbal, a herdeira do Itaú, que, manda a tradição
aristocrática brasileira, prefere ser tratada em público como Neca, apelido
familiar, é um assombro.
Educadora, por profissão, Neca é, também, bilionária por herança. É uma
conversa sem rodeios nem inibições. Desde a confirmação da candidatura Marina,
a herdeira do Itaú foi confirmada como coordenadora do programa de governo.
Lembra de Antonio Palocci, que teve um papel essencial na estruturação do
governo Lula, depois da vitória de 2002, inclusive com a Carta ao Povo
Brasileiro? Seu lugar no organograma era o mesmo. Imagine o poder de Neca.
Maria Alice fala do ponto mais importante: autonomia do Banco Central, medida
que, nós sabemos, concentra o ponto fundamental da campanha de 2014 — permitir
ao sistema financeiro recuperar o controle absoluto da política econômica,
definindo a taxa de juros conforme análises e projeções de instituições
privadas que atuam no mercado.
Comentários