(Foto: Viomundo) |
"Exigimos que sejam realizados todos os procedimentos periciais pertinentes à investigação do que sabemos ter sido uma execução sumária".
Do blog Viomundo - o que você não vê na mídia, de 09/08/2014
Na última quinta-feira, 7 de agosto, aconteceu uma manifestação inédita em São Paulo. Em frente à galeria Olido, na avenida São João, centro da capital, pichadores se reuniram, num ato pacífico, para protestar contra a morte de Alex Dalla Vecchia Costa, 33 anos, o JETS, e Ailton Santos, 32, o Normal.
Após entrarem num edifício no bairro da Moóca, para pichar a fachada do prédio, eles foram mortos pela PM.
Na versão apresentada pela polícia, os dois pichadores, tratados como “ladrões”, estariam armados e teriam morrido durante uma suposta troca de tiros com os agentes que atenderam a ocorrência. Os familiares afirmam que foi execução sumária. Eles não usavam armas e estariam no local apenas pichar. Na convite para o ato convocado por outros pichadores, eles dizem:
Há diversas incoerências na fantasiosa
versão dos fatos apresentada pela PM e inicialmente corroborada pela
imprensa. São muitas as evidências de que Alex e Ailton não “invadiram” o
prédio para cometer um assalto. A entrada deles foi franqueada pelo
porteiro, ou seja, não houve “invasão”.
Os dois se passaram por visitantes e
subiram até o último andar do edifício, não sem antes tirar no espelho
do elevador diversas fotos com o celular, no estilo conhecido como
“selfie”, ou seja, fotografaram a si mesmos durante o desenrolar dos
fatos. Se a intenção deles fosse cometer um assalto, seria muito mais
lógico tentarem ocultar seus rostos para não serem identificados
posteriormente.
A ocorrência, atendida pela Polícia
Militar por volta das 18h, só foi registrada na delegacia às 23h, e o
local do crime não foi preservado. As mochilas usadas pelos dois
pichadores no dia em que foram mortos foram apresentadas na delegacia
depois de apreendidas pelos próprios policiais militares que atenderam à
ocorrência, ou seja, seus executores.
De acordo com eles [gostaríamos que
fossem devidamente identificados pois precisam ser responsabilizados por
seus próprios atos, cometidos durante exercício de função pública], não
haveria nenhum material utilizado para prática de pichação nas
mochilas, e sim duas armas, um revólver calibre 38 e uma pistola 380.
Para desmentir a versão apresentada pelos
policiais militares, gostaríamos apenas que fossem analisados os fatos e
evidências relacionados ao evento, como é de praxe na investigação de
todo e qualquer crime. Um simples exame residuográfico poderá comprovar
que nenhum dos dois pichadores assassinados estava armado ou trocou
tiros com a polícia.
Exigimos que sejam realizados todos os
procedimentos periciais pertinentes à investigação do que sabemos ter
sido uma execução sumária. Diante da morte no mínimo suspeita de dois
jovens cidadãos paulistanos, trabalhadores e pais de família, cobramos
do governo que cumpra o que a própria lei determina, já que neste caso
foram seus próprios agentes que deram fim à vida de dois inocentes, uma
ação que não pode permanecer impune.
Alex e Ailton não voltarão mais para casa
nem para o convívio com amigos e familiares. A polícia militar do
Estado de São Paulo tirou-lhes o bem maior da vida. O mínimo que se pode
exigir é que os fatos sejam devidamente investigados e seus
perpetradores punidos.
Pichação é crime e, como tal, tem pena
prevista em lei, a qual definitivamente não inclui a morte. Uma morte
estúpida e gratuita, fruto do abuso de poder daqueles que deveriam fazer
a segurança da população, e não atentar covardemente contra ela.
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