Maduro saúda os delegados enquanto é aclamado como presidente do PSUV em seu III Congresso: “O socialismo é democracia, a democracia só pode existir no socialismo” (Foto: Web/Aporrea) |
O presidente da República e do PSUV, Nicolás Maduro, apresentou teses políticas e propostas no III Congresso do partido
Traduzido do portal venezuelano Aporrea.org, de 27/07/2014 (o título acima é deste blog)
O presidente da República, Nicolás Maduro, se dirigiu aos delegados durante a instalação do III Congresso do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), para apresentar um conjunto de teses, propostas políticas e de tarefas. O ato, no qual foi o orador principal, foi realizado no sábado, dia 26, em espaços do Teatro Teresa Carreño, em Caracas, perante o conjunto dos delegados eleitos e natos do PSUV.
Na abertura do evento, os delegados decidiram, por unanimidade, designar o chefe de Governo como presidente do PSUV.
Em sua mensagem se mostrou a favor do debate e disse que não fugia da crítica, mas não se referiu ao fato de que alguns setores do PSUV se queixaram da falta de espaço para a crítica e o debate dentro do partido. Disse que “esta revolução, graças a Chávez, nasceu alimentando a crítica, a opinião do povo; este é o partido da crítica e da verdade”, pelo que afirmou que “a ordem neste congresso é debate livre, construtivo, ação criadora e máxima lealdade à Revolução Bolivariana”.
Assinalou que este evento máximo do partido vermelho teria um resultado “inesquecível para o que vai ser o rumo da pátria”.
Admitiu, em termos gerais, mas sem especificar, que nem tudo é perfeito dentro do partido e que não funciona como deveria, mas que no PSUV “há uma força criadora para decidir o que tenha que decidir”, pelo que se mostrou seguro que do Congresso sairiam fortalecidos. Aproveitou para conclamar a militância, em todos os níveis, a lograr novos e maiores níveis de eficácia.
Enquanto se manifestam algumas queixas em setores da militância, sobre a suposta confusão partido-governo-Estado, para Nicolás Maduro “não pode haver dissociação no PSUV (…) Não pode andar o partido por um lado e o governo por outro”.
Chamou a atenção sobre o tema moral e ético, destacando a necessidade da luta contra a subcultura da corrupção e para combater a contrarrevolução.
Considerou que “o PSUV tem que ser capaz de oferecer uma concepção clara do socialismo como um caminho para alcançar a suprema felicidade” e expressou que sem socialismo não é sustentável a soberania e a independência do país. Mas também marcou distância a respeito do que denominou como o "esquerdismo agonizante" e o "reformismo entreguista", localizando-se assim numa posição de centro.
Propostas para o debate no III Congresso
O presidente Maduro, e agora presidente do PSUV, deu a conhecer suas propostas para o debate no III Congresso. Expôs a fórmula do 1+5+8, com propostas que apontou rumo ao cumprimento do compromisso histórico do instrumento político fundado pelo Comandante Hugo Chávez Frías.
O ponto número 1 é o cumprimento do Plano da Pátria, seguido de 5 teses relacionadas com este fim:
A primeira tese postula que “sem o socialismo não é sustentável a independência e a soberania na Venezuela”.
A segunda tese propõe a “revolução econômica socialista produtiva”, já que “a sustentabilidade da revolução depende do desenvolvimento da tarefa de constituir uma economia produtiva pela via da transição ao socialismo”. Em relação a esta tese, Maduro fez finca-pé no papel fundamental da classe trabalhadora como motor da revolução.
A terceira tese propõe a democracia verdadeira: “o socialismo é democracia, a democracia só pode existir no socialismo. Vamos para a consolidação do projeto democrático com o povo exercendo o poder político, com a construção de um novo Estado, de um novo tipo de governo”.
O quarto postulado se refere aos valores do novo modelo social: rumo “à revolução espiritual, à revolução do amor”, para cumprir a meta de Chávez duma pátria totalmente socialista em 2019. Maduro deu muita importância à relação entre a revolução e a espiritualidade.
A quinta tese é internacional: “a luta pelo equilíbro do mundo multicêntrico e multipolar, e por uma América Latina e Caribe que consolide sua união e sua nova independência”.
Em torno a tudo isto propôs 8 tarefas:
- Reconhecer o Comandante Supremo da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez, como líder eterno e presidente fundador do Partido Socialista Unido da Venezuela.
- Assumir a transformação do estado burguês como uma das tarefas fundamentais do partido e da relação partido-Governo para materializar o Estado democrático, social, de direito e de justiça, e consolidar a etapa de construção do Estado bolivariano socialista. Pediu de maneira especial a incorporação das UBCh (Unidades de Batalha Bolívar-Chávez) e demais estruturas partidárias a esta tarefa.
- Abordar, de maneira inadiável, “o desenvolvimento definitivo do sistema de formação socialista da militância, dos dirigentes e do povo venezuelano (…) Com formação somos tudo, sem formação nos falta visão, profundidade, desperdiçamos a potencialidade que tem nosso país”.
- Imediata modificação dos Estatutos do partido a fim de aperfeiçoar sua estrutura organizativa, para servir ao povo e incorporar todas as novas estruturas de base “e dar poder às UBCh, aos círculos do Poder Popular, às redes”.
- “Aprovar o cronograma que se elaborou para levar a cabo todas as ações políticas que no lapso de seis meses, de 31 de julho de 2014 até 28 de janeiro de 2015, permitam a reorganização, renovação e legitimação de todos os órgãos de direção do PSUV, das UBCh até a direção nacional”.
- Assumir a partir da prática revolucionária o caráter cívico-militar da revolução bolivariana, “legado essencial do Comandante Hugo Chávez”.
- “…Reafirmar nosso caráter anticapitalista e defender nossa convicção socialista como alternativa frente à insaciável voracidade do imperialismo”.
- “…Ratificar e reafirmar nosso compromisso antiimperialista contra o intervencionismo dos “factores” (poderes de fato, poderes que se mantêm nas sombras, a exemplo das grandes empresas) na vida dos povos”. Neste ponto Maduro ressaltou a solidariedade do povo venezuelano e do PSUV ao povo da Palestina “em sua luta pelo direito a existir como Estado. Basta de crimes contra o povo palestino”.
E já nomeado presidente do PSUV, assinalou que se propôs construir uma direção coletiva do Governo Nacional e dentro da direção nacional do partido, assim como um sistema de alianças políticas no Grande Polo Patriótico e fora dele para lograr as metas de 2019.
As propostas do presidente Maduro tiveram grande acolhida entre os delegados, ainda que o desafio principal esteja na correspondência entre os conceitos amplamente aceitos pela base chavista e a prática política concreta de governo, determinada pela adoção de medidas consequentes com o que foi formulado, tanto nos tempos recentes como a partir deste momento.
Tradução: Jadson Oliveira
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