AVANÇA O BANCO DOS BRICS E EMPACA O BANCO DO SUL



Chefes de Estado da Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos) se reúnem nesta quinta-feira com o presidente chinês Xi Jinping (ontem, quarta, mandatários da Unasul estiveram com os dos BRICS) (Foto: aporrea.org)
O Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS estaria em condições de operar em dois anos: a cúpula de potências emergentes lançou dois instrumentos chaves para modificar o panorama financeiro internacional. De Fortaleza, Brasil, se anunciou a criação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS e de um fundo comum de reservas.

“Ao governo do Brasil não interessa o Banco do Sul, precisamente porque eles apostaram pelo Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS”, explicou uma fonte da Chancelaria.

Por Tomás Lukin, no jornal argentino Página/12, edição de 16/07/2014, com o título “FMI e Banco Mundial terão competição” (o título acima é deste blog)

Os BRICS apresentaram ontem (terça-feira) seu Novo Banco de Desenvolvimento e anunciaram a criação de um fundo comum de reservas internacionais. No encerramento da Sexta Cúpula do foro de países celebrada em Fortaleza, os mandatários do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul firmaram a ata constitutiva do banco. Se os prazos estabelecidos se cumprirem, a nova entidade começará a funcionar dentro de dois anos e brindará financiamento para projetos de infraestrutura. A iniciativa dos BRICS busca oferecer uma alternativa à arquitetura financeira internacional tradicional e disputar a dominação exercida desde 1945 pelas grandes potências hegemônicas através do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). O projeto foi celebrado com cautela pelo governo argentino, onde enfatizaram a necessidade de concretizar o postergado Banco do Sul inclusive sem a presença do Brasil. Hoje (quarta-feira) a presidenta Cristina Fernández participará duma reunião ampliada do bloco com os países da região em Brasília.

“Oxalá que estas ideias prosperem. As grandes potências utilizam o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Mundial através de estratégias extorsivas para limitar os mecanismos de obtenção de novos empréstimos”, alertou o chefe de Gabinete (equivalente a ministro-chefe da Casa Civil no Brasil), Jorge Capitanich, ao questionar o corte de financiamento para Argentina desses organismos de crédito. “Nos parece que é muito importante que outros países, que são poderosos, tenham a capacidade de gerar novos organismos para não aceitar sempre a extorsão das grandes potências, para ter autonomia para seu desenvolvimento e para que não exista o predomínio do sistema financeiro, e que não esteja impregnada de neoliberalismo extremo cada uma das decisões que tomam e adotam estes organismos”, expressou Capitanich durante sua entrevista matutina com a imprensa.

Uma fonte diplomática consultada por Página/12 enfatizou a necessidade de relançar o Banco do Sul já que, ainda que atrativa em termos geopolíticos, a nova entidade dos BRICS não destinará no curto prazo financiamento para a região. “Primeiro vão emprestar entre eles mesmos, eventualmente alguma linha de crédito chegará dessa entidade, mas não podemos depender das migalhas. Por isso temos que desenvolver um banco regional próprio”, assinalou a este jornal um funcionário de larga trajetória no Ministério das Relações Exteriores.

Não obstante, se a iniciativa prospera, “se pode converter numa alternativa dentro de 10 anos ao financiamento condicionado e limitado que oferecem o Banco Mundial e o BID, ao mesmo tempo em que fortalece as iniciativas onde nossa capacidade de acesso ao crédito está no limite como a Corporação Andina de Fomento (CAF)”, indicou a este diário um economista argentino convidado a participar da cúpula em Fortaleza.

Em dezembro de 2007, um dia antes de CFK assumir seu primeiro mandato, os presidentes do Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia, Uruguai, Equador e Paraguai firmaram na Casa Rosada a ata constitutiva do Banco do Sul. Desde então, os avanços foram escassos e lentos. “Todos os membros deram o aval, porém o Parlamento brasileiro ainda não ratificou o convênio constitutivo. Ao governo do Brasil não interessa o Banco do Sul, precisamente porque eles apostaram pelo Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS”, explicou a fonte da Chancelaria.

Continua em espanhol:

Desde el equipo económico (Da equipe econômica) indicaron a Página/12 que la ausencia de Brasil, la principal potencia de la región, no imposibilita concretar (concretizar) el proyecto aunque (ainda que), reconocen, debilita su potencial. Luego de (Após) varios años de estancamiento comenzaron a registrarse avances: el mes pasado tuvo lugar una primera reunión del Consejo de Administración de la entidad y en una semana será el segundo encuentro en Buenos Aires. Todavía (Ainda) resta un extenso camino por recorrer (percorrer), pero existe renovado consenso entre los miembros para avanzar.

El titular de la Fisyp, Julio Gambina, destacó ayer (ontem) la necesidad de “generar una nueva arquitectura financiera regional para modificar el modelo productivo y de desarrollo (desenvolvimento)” que permita limitar la dependencia “de inversiones externas o de los préstamos (“de investimentos externos ou de empréstimos) tradicionales del mercado financiero mundial y poder generar una base financiera para solventar (sustentar) la soberanía alimentaria, energética”.

La nueva banca de desarrollo (desenvolvimento) de los Brics tendrá un capital de 100.000 millones (100 bilhões) de dólares y contará con una suscripción inicial de 50.000 millones (50 bilhões) aportada en partes iguales entre los cinco fundadores. La sede estará en Shanghai y el primer presidente será de India. El acuerdo debe ser ratificado por cada uno de los Parlamentos, luego se debe proceder a la reglamentación y la transferencia de los fondos iniciales: 10 mil millones (10 bilhões) de dólares para cada miembro, con 8 mil millones (8 bilhões) en garantías y 2 mil millones en efectivo (e 2 bilhões em espécie). La entidad podrá ofrecer préstamos (empréstimos), garantías y hasta participación de capital en emprendimientos no sólo de los países miembros, sino también de otras naciones emergentes, pero siempre destinados a proyectos de “infraestructura y desarrollo sustentable (e desenvolvimento sustentável)”.

El objetivo es hacer frente a movimientos especulativos de capitales y problemas de balanza de pagos (pagamentos) de los países del bloque.

Tradução (parcial): Jadson Oliveira

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