PARAGUAI ENFRENTA REGRESSÃO SOCIAL DOIS ANOS APÓS A DESTITUIÇÃO DE LUGO

Ex-presidente Fernando Lugo, hoje senador (Foto: Prensa Latina)
Assunção, 22 junho (Agência Prensa Latina) - Paraguai cumpre hoje dois anos da destituição do presidente Fernando Lugo no meio duma evidente regressão social que abarca numerosos setores do país. Em 22 de junho de 2012, sete dias após um sangrento desalojamento camponês na localidade de Curuguaty cujo desenvolvimento e encerramento com 17 vítimas fatais seguem sem esclarecimento total, partidos tradicionais uniram suas forças no Congresso para essa manobra política.

O chamado golpe de Estado parlamentar incluiu a ascensão ao poder de Federico Franco (era vice-presidente), o qual provocou não só seu desconhecimento por numerosos governos, mais também a suspensão do Paraguai no Mercosul e Unasul e um isolamento internacional de 14 meses de duração.

Depois, no que muitos assinalaram como parte do acordo adotado para tirar Lugo da Presidência e ante a exigência internacional de novas eleições, o empresário Horacio Cartes foi eleito para chefe do Estado.

O governo atual, em menos de um ano de duração, já enfrentou uma greve geral que lhe reclamou seu rumo qualificado de neoliberal e suas empresas estrangeiras para lhe entregar o controle de setores estatais fundamentais mediante uma lei privatizadora aprovada.

A insatisfação sindical está na ordem do dia e se expressa em protestos públicos e na já reconhecida decepção das mesas de diálogo instaladas depois da greve de 26 de março passado por não existir solução alguma às demandas dos trabalhadores.

Conflitos que agora se reiniciam com os professores e os trabalhadores do transporte e a crítica situação no campo com a proliferação dos desalojamentos de assentamentos de agricultores e indígenas fazem parte do panorama atual.

Junto a isso, causou protestos a estratégia política oficial, orientada pelo próprio Cartes para controlar totalmente o Congresso e o Tribunal Supremo de Justiça, ação qualificada publicamente por diversos legisladores como passos para reformas constitucionais e ir garantindo sua reeleição.

Com motivo do aniversário, o ex-presidente Lugo visitou a zona do norte do país, militarizada por Cartes ante as atividades de um grupo armado, e desde ali acusou o governo de ser continuação do golpe de Estado que o destituiu com violação da vontade popular expressada nas urnas.

O crescimento da pobreza e a falta de inclusão, exemplificados dramaticamente agora na desesperança de mais de 41 mil famílias residentes em áreas humildes e danificadas pelas cheias dos principais rios, mostram a complexa situação social do Paraguai.

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