Em longa entrevista à revista Carta Capital, Lula diz acreditar que o governo se comunica mal e, por isso, perde o contato com a população brasileira (Foto: Correio do Brasil) |
"O Marco Regulatório tem de ser compreendido. Não é censura, queremos é fazer valer a Constituição de 88, tanto mais quando entram em cena Facebook e companhia, eu nem sei o nome de tudo. Existe Marco Regulatório de 1962. O Franklin Martins foi feliz ao observar: “Em 62, a gente tinha mais televizinhos do que televisores”. Eu lembro que menino ia à casa do vizinho ver televisão, a gente só podia sentar no chão, o sofá era do dono da casa e ele ainda pisava no dedo da gente. Para assistir luta livre, tinha de gastar dinheiro no bar, o dono cobrava. Hoje acontece essa revolução tecnológica e você não quer discutir sua regulamentação? Então, o Marco Regulatório e a reforma política são dois temas de ponta que o PT tem de assumir. Temos de convocar uma Constituinte própria para fazer uma reforma política".
Por Correio do Brasil, de São Paulo, postagem de 02/06/2014
Ex-presidente da República e um dos principais líderes políticos do país, o petista Luiz Inácio Lula da Silva, aos 68 anos, mostra que está mais disposto do que nunca a eleger a presidenta Dilma Rousseff para mais um mandato e, se houver chances, ainda espera voltar em 2018. Em uma longa entrevista à revista Carta Capital, sem medo de represálias, Lula diz, com todas as letras, que o governo não sabe se comunicar e torna-se necessário, o quanto antes, o estabelecimento de um marco regulatório da mídia. O ex-presidente também descarta a tese de que a Copa do Mundo possa ser relacionada, de alguma forma, com as próximas eleições.– Difícil imaginar que a Copa do Mundo possa ter qualquer efeito sobre a preferência por este ou aquele candidato. Por outro lado, se o Brasil perder, acho que teremos um desastre similar àquele de 1950. Temo uma frustração tremenda, e a gente não sabe com que resultado psicológico para o povo. Em 50 jogaram o fracasso nas costas do goleiro Barbosa. O Barbosa carregou por 50 anos a responsabilidade, e morreu muito pobre, com a fama de ter sido quem derrotou o Brasil. É uma vergonha jogar a culpa num jogador. Se o Brasil ganha, a campanha passa a debater o futuro do País e o futebol vai ficar para especialistas como eu – brincou.
Quanto às manifestações de rua, Lula ressalta que “ainda há pouco tempo a gente não esperava que pudessem acontecer manifestações. E elas aconteceram sem qualquer radicalização inicial, porque as pessoas reivindicavam saúde padrão Fifa, educação padrão Fifa; poderiam ter reivindicado saúde padrão Interlagos, quando há corrida, ou padrão de tênis, Wimbledon, na hora do tênis”.
– Eu acho que isso é até saudável, o povo elevou seu padrão reivindicatório. E é plenamente aceitável dentro do processo de consolidação democrático que vive o Brasil. Eu acho que, ao realizar a Copa, o governo assumiu o compromisso de garantir o bem-estar e a segurança dos brasileiros e dos torcedores estrangeiros. Quem quiser fazer passeata que faça, quem quiser levantar faixa, que levante, mas é importante saber que, assim como alguém tem o direito de protestar, o cidadão que comprou o ingresso e quer ir ver a Copa tenha a garantia de assistir aos jogos em perfeita paz – ponderou.
Leia, no jornal digital Correio do Brasil, os principais trechos da entrevista:
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