O documento final do G-77 enfatizou a excessiva orientação pelo lucro que não respeita o planeta (Foto: Télam/Página/12) |
Os presidentes latino-americanos
concordaram sobre a necessidade de reformar a ordem global: Evo Morales, Raúl
Castro, Nicolás Maduro, José Mujica e outros presidentes destacaram a crise gerada
pelo neoliberalismo e questionaram o papel dos Estados Unidos. A declaração do
encontro fixou a erradicação da pobreza como o objetivo central.
Por Sebastian Abrevaya,
de Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), no jornal argentino Página/12, edição de hoje, dia 16
“O neoliberalismo gerou uma crise econômica global
que empurrou milhões de pessoas para a pobreza extrema. É hora de caminhar em outro
sentido para construir uma ordem social mais justa”, afirmou o presidente de
Cuba, Raúl Castro, um dos chefes de Estado que participaram ontem da jornada de
encerramento da cúpula do G-77+China. A representação dos mandatários latino-americanos
se completou com as palavras do venezuelano Nicolás Maduro, do uruguaio José
“Pepe” Mujica, do salvadorenho Salvador Sánchez Cerén e do anfitrião, Evo
Morales, os quais concordaram nas críticas ao neoliberalismo, aos Estados
Unidos e na necessidade de estabelecer “uma nova ordem mundial para viver bem”,
tal como assinala o lema da convocação.
Logo após
compartilharem o Encontro Plurinacional dos Povos, na tarde do sábado, os
presidentes latino-americanos voltaram a mostrar sua unidade no plenário do
G-77+China, do qual participaram delegações de quatro continentes. “Esta aprovação
da declaração é praticamente um relançamento do maior grupo das Nações Unidas,
relançamento para que continue trabalhando com políticas de complementaridade e
solidariedade, com muita ética, com valores”, assegurou Morales durante a reunião
extraordinária convocada pelos 50 anos da fundação do grupo de países em desenvolvimento,
que atualmente chegou aos 133 membros.
A Declaração
de Santa Cruz, aprovada pelos participantes na Cúpula do G-77+China, estabelece
a erradicação da pobreza como o objetivo central e condutor da agenda de desenvolvimento
post 2015, que será motivo de discussão no próximo ano na assembleia geral das
Nações Unidas. Entre seus 242 pontos se destacam o problema da desigualdade, os
padrões de consumo e produção insustentáveis dos países desenvolvidos e a excessiva
orientação pelo lucro que não respeita o planeta.
Continua
em espanhol:
El presidente de Bolivia aprovechó la ocasión para revalorizar a Fidel
Castro –hermano del actual presidente cubano –, al calificarlo como “el hombre
más solidario del mundo”. Raúl Castro, en su discurso, acusó a los Estados
Unidos por “amenazar con acciones ilegales” a muchos de los pueblos
representados en la cumbre y puntualmente trató el caso de Venezuela. “Es
objeto de una campaña desestabilizadora basada en los principios de la guerra
no convencional que alienta la subversión y la agitación interna”, aseguró, y
reiteró que Cuba sufre desde hace décadas “atentados, provocaciones y un
bloqueo injusto”.
Maduro planteó la necesidad de construir “una nueva humanidad” y aseguró
que el G-77 es un instrumento para la creación de un mundo “multipolar,
pluripolar y multicéntrico, sin imperios, sin hegemonismos, sin sistemas de
dominación, ni de amenazas”. “Hay que retomar los proyectos del sur, el Banco del
Sur para el desarrollo en condiciones justas de un nuevo orden económico
internacional. Hay que retomar los proyectos culturales para la independencia
cultural”, agregó en sintonía con las palabras de Mujica, que centró su
discurso en la crítica a la “cultura de la acumulación y el despilfarro (e do
desperdício)”.
“Si no
cambia la cultura, no cambia nada (Se não muda a cultura, não muda nada). Tenemos
que terminar con la teoría de la acumulación, propia de un capitalismo que
invierte tantos recursos para socavar la vida del planeta”, sostuvo Mujica, en
una intervención que significó una ruptura conceptual con el consumismo: “Otra
humanidad es posible a partir de otros valores. Este enfrentamiento va mucho
más allá de la fuerza material. Hemos visto construir las mejores hermosas
utopías, los mejores sueños, y hemos visto que el peso sordo de las mercaderías
en las aduanas (alfândegas) termina destrozando los mejores sueños de
solidaridad que los hombres pudimos construir”, sentenció.
Por fuera de los presidentes latinoamericanos, la participación del
vicepresidente de la Asamblea Popular China fue relevante para la cumbre. Chen
Zhu pidió insistir en el principio de responsabilidad común respecto del cambio
climático y promover la reforma del sistema financiero internacional.
Tradução:
Jadson Oliveira
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