COLÔMBIA: O CAMPO, UMA QUESTÃO PENDENTE



(Foto: Agência AFP/Internet)
Os produtores agropecuários realizaram duas grandes greves massivas, uma entre agosto e setembro do ano passado, e outra entre abril e maio deste ano.

Por Mercedes López San Miguel, no jornal argentino Página/12, edição de 16/06/2014

Há um tema inevitável que o novo governo da Colômbia terá que enfrentar: a situação do campo. A área rural paralisou grande parte das estradas nacionais nas recentes greves agrárias, um assunto que Santos na época minimizou, mas durante a campanha admitiu ter se equivocado. Os produtores agropecuários reclamam desde muito tempo melhoras nas condições de sua atividade, e realizaram duas grandes greves massivas, uma entre agosto e setembro do ano passado, e outra entre abril e maio deste ano.

Os camponeses não deixam de assinalar que o governo de Santos, assim como de seus antecessores, descumpriu convênios para solucionar diversas crises econômicas que provocam altos custos de produção e de combustível. A crise do campo está fortemente vinculada ao modelo de economia aberta, na qual prevalecem os Tratados de Livre Comércio (TLC). Os trabalhadores rurais reclamaram um maior orçamento para o campo, mudanças na política de créditos, redução do preço dos fertilizantes e combustíveis e freio nas importações de produtos agrícolas que entram pela via tanto dos TLCs como do contrabando.

Um estudo apresentado em dezembro pela organização Oxfam, passado um ano e meio da entrada em vigência do TLC entre a Colômbia e os Estados Unidos, concluiu que os produtos mais vulneráveis da economia camponesa ante as importações provenientes do país do Norte são “o ‘lactosuero’ (soro de leite, ricota?), seguido pelo arroz, o milho branco, o leite em pó e a carne de porco”. Fernando Barberi Gómez, investigador da Oxfam, disse ao jornal El Espectador que os resultados eram desalentadores. “Nestes primeiros meses as importações dos Estados Unidos cresceram num ritmo muito maior do que as exportações a esse país, provocando um estrago na balança comercial. E o setor camponês colombiano se vê forçado a competir em desigualdade de condições com produtos que desfrutam de importantes subsídios ao setor agropecuário nos EUA. “Isto, diz o documento, faz prever uma queda na produção agropecuária e, com certeza, na renda das famílias camponesas”.

Continua em espanhol:

Tras las huelgas (Após as greves) agrarias, el gobierno puso en marcha subsidios y salvaguardas para productos sensibles al libre comercio. Sin embargo (No entanto), distintas organizaciones de agricultores sostienen que estas medidas no han surtido los efectos prometidos, y continúan pidiendo que se renegocie el acuerdo con Washington, e incluso el que tiene Colombia con la Unión Europea. El punto central es la renegociación de los TLC, advirtió a Página/12 Diego Jaramillo Salgado, profesor de la Universidad del Cauca. Y agregó: “El impacto de las políticas neoliberales generó una reacción casi de supervivencia (quase de sobrevivência) del campo, que se levantó. Ante ello (Diante disso), el Ejecutivo avanzó en acuerdos diferenciados, ya que no es lo mismo lo que reclaman los cafeteros que los cosechadores de papas (colhedores de batatas). Esto dividió al movimiento campesino. No obstante (No entanto), creo que la búsqueda de cambios (a busca de mudanças) estructurales llevará más tiempo”.

Es indudable (É inegável) que el sector rural se vio afectado por el conflicto armado, aunque en menor medida el último tiempo. Un gran número de campesinos emigró hacia (rumo) las ciudades desde los años noventa hasta 2010, forzado por la violencia paramilitar y guerrillera; asunto que mermó tras(reduziu após) la desmovilización de los paramilitares y con el avance del diálogo con la guerrilla de las FARC, actualmente en curso.

El emblema que llevó al presidente-candidato a ganar la reelección es su apuesta por la paz. Uno de los puntos de negociación ya acordado con las FARC trata sobre la tierra: el acceso y uso de la tierra, la formalización de la propiedad, el estímulo a la producción agropecuaria y los subsidios, entre otras cuestiones. Si Santos logra concretar el acuerdo de paz, probablemente los campesinos logren mejorar su realidad.

Tradução (parcial): Jadson Oliveira

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