VENEZUELA: DIÁLOGO E VIOLÊNCIA EM SEUS RESPECTIVOS LABIRINTOS (Parte 1)




O governo venezuelano atraiu os setores considerados moderados da oposição para a mesa de diálogo, deixando isolados os antichavistas que defendem as ações violentas, as quais vêm diminuindo dia-a-dia (Foto: Internet)
As células paramilitares-terroristas continuam assassinando seletivamente dirigentes chavistas, urbanos e campesinos.

Por Aram Aharonian, de 02/05/2014 (o artigo vai aqui por partes, traduzido do portal Nodal – Notícias da América Latina e Caribe)

A continuidade do diálogo entre o governo e a oposição política não significou a suspensão automática da violência que, ainda que reduzida a pequenos guetos em bairros de classe média e alta e a assassinatos seletivos de dirigentes chavistas, fatos magnificados pela cartelizada imprensa comercial que servem de desculpa para uma eventual intervenção estrangeira.

Enquanto os empresários continuam colhendo prebendas nas mesas de diálogo econômico (em especial no referente ao acesso e manejo das divisas) e o governo decreta – como em todos os 1º. de maio - um aumento do  salário mínimo, as células paramilitares-terroristas continuam assassinando seletivamente dirigentes chavistas, urbanos e campesinos. O último caso, o do presidente do Conselho Municipal capitalino, Eliezer Otaiza.

Os Estados Unidos ainda mastigam seu fracasso político e não perdem oportunidade de golpear o governo bolivariano. Em meio a persistente crise econômica, fracassos diplomáticos e militares, e as repetidas situações que incitam, financiam e provocam mas que em definitivo não controlam (Ucrânia, por exemplo), não podem se dar o luxo de se distanciarem duma região que continuam considerando seu quintal.

A subsecretária de Estado para o hemisfério ocidental, Roberta Jacobson, disse na última semana de abril que seu governo ficou “muito decepcionado” sobre o debate que a OEA fez sobre o tema no dia 21 de março e assinalou que o “principal organismo do hemisfério devia se pronunciar mais direta e agressivamente sobre a Venezuela (…) Nos decepcionou a atitude de algumas nações caribenhas”, afirmou.

E ameaçou: o presidente Barack Obama, o chanceler John Kerry “e eu mesma, dizemos claramente que não descartamos nada: revogação de vistos ou outras formas de sanções, mas isso somente se faria se acreditarmos que seria produtivo”. Sublinhou que seu governo “esteve muito ativo com aliados no hemisfério” para que o diálogo seja produtivo,  “mas se não é assim, não descartamos nada”. Entre os chanceleres que “mediam” no diálogo promovido pela Unasul, está a colombiana…

Também, nas vésperas duma reunião do Conselho da Associação dos Estados do Caribe (AEC), em Mérida (México),  Kerry “denunciou” a suposta violação do acesso à Internet na Venezuela, em sua cantilena de lamentáveis falsas opiniões acerca da situação na Venezuela.

Sem dúvida, os chanceleres da Unasul devem se sentir contentes, já que só o fato de conseguir reunir as partes foi um êxito. A campanha de largada dum processo de diálogo entre a parte majoritária da oposição venezuelana e o governo do presidente Nicolás Maduro, dois lados fortemente polarizados, despertou justificadas expectativas e gerou um interessante debate - nacional e internacional - sobre seu futuro, sua viabilidade, sua conveniência e seus resultados. (Continua)

Tradução: Jadson Oliveira

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