Presidente Rafael Correa: "Não precisamos de caridade, das esmolas que a USAID dava, muitas vezes de forma clientelista, isso pode assumir o Estado".
Quito, 13 maio (Agência Prensa Latina) - A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), vinculada recentemente a planos subversivos anti-cubanos, já tem data para sair do Equador, depois de se negar a acatar as regras do governo local sobre a cooperação. Segundo versões da imprensa divulgadas aqui, a saída definitiva da entidade estadunidense está marcada para o dia 30 de setembro próximo, quando se espera a conclusão de três projetos que tem atualmente em execução.
A USAID, no entanto, tinha os dias contados no país sul-americano desde dezembro passado, depois de sua negativa em assinar um convênio com o governo que lidera o presidente Rafael Correa, para fixar os termos da cooperação e a natureza dos projetos.
Não precisamos de caridade, das esmolas que a USAID dava, muitas vezes de forma clientelista, isso pode assumir o Estado, destacou então o presidente.
Correa acrescentou que o Equador precisa de transferência tecnológica e investimentos, o que, afirmou, não é o observado no caso da cooperação oferecida pela agência estadunidense. Essa opinião foi reforçada depois pela secretária técnica de Cooperação Internacional do governo equatoriano, Gabriela Rosero, que assegurou que uma boa parte dos 32 milhões que a USAID tem investido no país, nos últimos seis anos, tem sido para financiar despesas administrativas de organizações não governamentais e projetos privados.
A USAID deve entender, como têm entendido outros cooperadores, que as regras do jogo em matéria de cooperação mudaram no Equador, e já não se trata de uma dádiva nem de uma compensação, sentenciou Rosero no final do ano passado.
A vice-presidenta da Assembleia Nacional, Marcela Aguiñaga, que ontem assistiu em Guayaquil o encerramento de um dos projetos que mantinha o organismo estadunidense no Equador, também confirmou os novos tempos que se vivem no país desde a chegada ao governo da Revolução Cidadã, em janeiro de 2007.
O Executivo tem sido muito claro ao dizer que todos os acordos de cooperação, de qualquer país, devem ter um marco de referência de apoio com o Governo equatoriano, o que não tem ocorrido com os Estados Unidos, apontou a legisladora, citada pelo diário El Telégrafo.
A diretora da USAID no Equador, Jeannie Friedmann, por sua vez, aproveitou a ocasião para deixar escapar uma velada ameaça, ao assinalar que a partir da saída da entidade, o apoio dos Estados Unidos ao país sul-americano "será diferente".
A entidade governamental estadunidense esteve recentemente em audiência pública, na qual seu diretor Rajiv Shah teve que comparecer ante uma comissão do Senado para explicar o financiamento outorgado a um plano que procurava subverter a ordem constitucional em Cuba.
O projeto, conhecido como ZunZuneo, utilizava as redes sociais como Twitter para influenciar os jovens cubanos, e tentar criar uma espécie de primavera árabe na ilha caribenha.
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