Jovens cubanos usam a Internet numa casa de Havana com o novo esquema para usuários (Foto: AFP/Página/12) |
A rede social ZunZuneo foi
encoberta num programa de intercâmbio com os Estados Unidos: foi criada em segredo
pelos EUA para fomentar a dissidência em Cuba, funcionou a partir da Costa
Rica, sem conhecimento das autoridades locais, no bojo do Programa de Intercâmbio
Latino-americano (PILA).
Matéria do jornal argentino Página/12, edição de 23/04/2014
O chamado
“Twitter cubano”, criado pela Agência para o Desenvolvimento dos Estados Unidos
(Usaid), operou em parte a partir da Costa Rica, sem permissão do governo, por
pouco mais de um ano, desde 2009, informou o jornal costarriquense La Nación. Uma investigação publicada pelo
diário indicou que a rede social ZunZuneo funcionou sem conhecimento das
autoridades costarriquenses encoberta no Programa de Intercâmbio Latino-americano
(PILA).
Em princípios
do mês de abril, meios de comunicação estadunidenses descobriram que Washington
desenvolveu, através da Usaid, uma espécie de “Twitter cubano” em celulares, de
nome ZunZuneo, para fomentar a dissidência entre os jovens cubanos. Os Estados
Unidos reconheceram que existiu tal projeto, mas negou que o propósito fosse
desestabilizar o governo cubano, algo que em Havana é considerado como parte da
estratégia “subversiva” de Washington contra a ilha.
La Nación indicou que em abril e maio de
2009 notas diplomáticas da embaixada estadunidense informavam à Chancelaria
costarriquense que se havia aberto o PILA para “aumentar a comunicação, ligações
e intercâmbios entre a sociedade civil democrática em Cuba e organizações da
sociedade civil na América Latina e Caribe, incluindo a Costa Rica”, sem
mencionar a red social. Agregou que a Costa Rica negou em junho de 2009 dar
incentivos e credenciar dois funcionários estadunidenses para o PILA, já que
considerava que poderia acarretar ao país problemas com outras nações; no
entanto, o programa seguiu adiante. “A finalidade do programa era desenvolver e
operar a partir da Costa Rica uma rede social em Cuba chamada ZunZuneo. Com essa
iniciativa, se enviavam notícias e mensagens massivas aos telefones celulares
de milhares de cubanos, visando mantê-los informados, sendo incluído conteúdo
político para incentivar mobilizações sociais”, destacou o jornal.
(Foto: Nodal - Notícias da América Latina e Caribe) |
Segundo
este órgão da imprensa, a empresa encarregada da rede social nos Estados
Unidos, Creative Associates, instalou na Costa Rica uma filial chamada Crea
Costa Rica S.A. em 2009, com a qual operou a rede social durante o anterior governo
do presidente e Prêmio Nobel da Paz 1987, Oscar Arias. Uma fonte da Chancelaria
costarriquense confirmou que o governo enviou no dia 4 de abril uma solicitação
de explicação aos Estados Unidos sobre tais fatos, a qual não havia sido ainda
respondida.
“Em junho
de 2009, sem conhecer os detalhes do projeto e suspeitando que a Costa Rica poderia
se envolver numa confusão, a Chancelaria
negou o credenciamento de Xavier Utset e Noy Villalobos, estadunidenses
contratados pela Creative Associates para o projeto”, de acordo com La Nación. “A embaixada invocou um acordo
de cooperação de 1961 para solicitar a imunidade e os benefícios para os empregados
do programa. Não obstante, numa carta de 26 de junho de 2009, a Chancelaria negou
o credenciamento e advertiu à embaixada que não podia ‘outorgar incentivos’ à proposta,
pois ela não se ajustava aos objetivos do citado acordo de cooperação”, acrescentou
o periódico.
Continua
em espanhol:
El canciller costarricense, Enrique Castillo, quien se encuentra fuera
del país, dijo al diario que “no es apropiado que una embajada de cualquier
país emprenda acciones desde Costa Rica que afecten a otro”.
Sin embargo (No entanto), la embajada estadounidense aseguró a La Nación
que nunca recibió una objeción del gobierno costarricense y que le fue
acreditado (credenciado) un diplomático que trabajó en el proyecto. “Tenemos
comunicaciones internas que demuestran que miembros de la embajada informaron
al ministerio (de Exteriores) del programa, incluso antes del intercambio de
notas diplomáticas. No tenemos registro de haber recibido alguna objeción”,
señaló la delegación a través de su encargado de prensa, Eric Turner.
Por otra parte, la agencia Associated Press reveló ayer (ontem) que los
líderes de la mayor organización anticastrista de jóvenes
cubano-estadounidenses dieron un silencioso apoyo estratégico a ZunZuneo,
estableciendo contactos entre contratistas y potenciales inversores (investidores)
e incluso sirviendo como consultores pagados. Entrevistas y documentos
obtenidos por la agencia de noticias indican que los organizadores del “Twitter
cubano” se acercaron a principios de 2011 a los líderes de la organización
Roots of Hope (Raíces de Esperanza) para ver cómo tomar el control del ZunZuneo
para que pasara a manos privadas.
Pocos inversionistas (investidores) se mostraron dispuestos a financiar
ZunZuneo en forma privada, así que los miembros de Roots of Hope abandonaron la
idea, pero por lo menos dos personas (duas pessoas) de su consejo directivo
pasaron a desempeñarse como consultores, incluso mientras (enquanto) trabajaban
en una organización que se negaba explícitamente a aceptar fondos del gobierno
de Estados Unidos y se distanciaba de los grupos que lo hacían. La revelación
podría tener amplias repercusiones para Roots of Hope, que se convirtió en una
de las organizaciones de cubanos disidentes más visibles e influyentes.
La revelación llega en un momento delicado para la organización debido a
que está tratando de ayudar a la bloguera opositora Yoani Sánchez a desarrollar
(desenvolver) un nuevo proyecto de medios (meios de comunicação) en Cuba.
Tradução:
Jadson Oliveira
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