O
ex-agente Snowden (à dir.) disse à NBC que nunca tinha tido intenção de ficar
na Rússia (Foto: Página/12)
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O ex-agente secreto desejaria regressar
para os Estados Unidos, porém pedirá uma prorrogação de tempo na Rússia: Snowden
disse que não era um “programador de sistemas de nível inferior”, como afirmavam
as autoridades estadunidenses. “Fui treinado como um espião no sentido
tradicional da palavra. Vivi e trabalhei no estrangeiro de maneira encoberta.”
Por Tim Walker (*) – matéria reproduzida do jornal argentino Página/12, edição de ontem, dia 30 (o
título acima é deste blog)
O secretário
de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, instou Edward Snowden a “ser um homem
e regressar aos Estados Unidos”, depois dele haver concedido uma ampla
entrevista a um canal de televisão dos Estados Unidos. O ex-analista da Agência
de Segurança Nacional acusou o governo estadunidense de “enganar” o público
sobre o alcance de seus antecedentes de inteligência e experiência e disse que
quer voltar à sua casa nos Estados Unidos. “Se pudesse ir a qualquer lugar do
mundo, esse lugar seria minha casa.” Ao mesmo tempo, adiantou que pedirá uma prorrogação
de sua estadia na Rússia, já que seu visto vence em 1º de agosto. O ano passado
Snowden, de 30 anos, vazou uma grande quantidade de documentos classificados
aos meios de comunicação, revelando o alcance dos programas de vigilância
secreta dos Estados Unidos e desencadeando um debate internacional sobre o
equilíbrio entre a privacidade e a segurança. Entrevistado pelo jornalista da
NBC Brian Williams, em Moscou, para onde fugiu após os vazamentos, Snowden disse
que não era um “programador de sistemas de nível inferior”, como afirmavam as
autoridades estadunidenses. Snowden assegurou que antes de vazar os documentos,
em 2013, perguntou à NSA sobre a legalidade de suas práticas de vigilância e a
resposta foi que “deixasse de fazer perguntas”.
“Fui treinado
como um espião no sentido tradicional da palavra. Vivi e trabalhei no estrangeiro
de maneira encoberta, fingindo que trabalhava em algo em que não trabalhava, e
inclusive me foi destinado um nome que não era o meu”, afirmou Snowden. Porém
agregou: “Sou um expert técnico. Não trabalho com as pessoas. Não recruto
agentes. O que faço é por em funcionamento sistemas para os Estados Unidos. É o
que fiz em todos os níveis: desde abaixo até chegar encima”.
O governo
de Obama vem tentando diminuir a importância, em repetidas ocasiões, do papel
de Snowden nos serviços de inteligência. “Estão tentando usar uma posição que tive durante minha carreira,
aqui ou ali, para tirar a atenção da totalidade de minha experiência, que é ter
trabalhado para a Agência Central de Inteligência, como agente secreto, no estrangeiro”,
explicou.
“Trabalhei
para a Agência de Segurança Nacional, como clandestino, no estrangeiro. E trabalhei
para a Agência de Inteligência da Defesa, como professor na Academia de Treinamento
Conjunto de Contra-inteligência, onde desenvolvi fontes e métodos para manter nossa
informação e as pessoas seguras nos locais mais hostis e perigosos de todo o
mundo.”
A
entrevista teve lugar no hotel Kempinski, em Moscou, na semana passada, depois
de vários meses de negociações entre a NBC e representantes de Snowden. A
entrevista de uma hora, a primeira concedida a uma emissora de notícias dos
Estados Unidos, foi ao ar na terça-feira em horário de maior audiência.
Snowden
disse na entrevista que ele nunca havia tido a intenção de permanecer na Rússia,
mas que estava num voo de conexão com Cuba quando os Estados Unidos revogaram seu
passaporte, o que o obrigou a permanecer em Moscou. Ao pedir-lhe que responda,
Kerry disse à NBC: “Para ser alguém supostamente inteligente, essa é uma resposta
bastante tola”.
E continuou:
“Se Snowden quer regressar aos Estados Unidos hoje, o colocaremos num voo hoje
mesmo, ele deveria voltar, e isso é o que faria um patriota. Um patriota não fugiria
nem buscaria refúgio na Rússia ou Cuba. Um patriota enfrentaria os Estados
Unidos e apresentaria seu caso diante do povo estadunidense. O fato é que ele pode
voltar para casa, mas ele é um fugitivo da Justiça, por isso não está
autorizado a voar ao redor do mundo”.
A primeira
grande consequência legislativa dos vazamentos propiciados por Snowden ocorreu na
semana passada, quando a Câmara de Representantes aprovou que se ponha fim ao armazenamento
massivo de dados telefônicos por parte da NSA.
* De The
Independent, da Grã Bretanha. Especial para Página/12.
Tradução:
Jadson Oliveira (nota postada logo abaixo é sobre o mesmo tema)
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