Seria um suicídio para seus donos e acionistas se a imprensa madrilenha ou a norte-americana, como a TV CNN em espanhol, apoiasse um complot destinado a destronar os regimes de turno de La Moncloa ou da Casa Branca.
Por P. Montesinos, no portal Nodal – Notícias da América Latina e Caribe, de 23/05/2014
A direita tradicional latino-americana cala, treme e resmunga quase ao mesmo tempo quando ouve falar de eventuais novas leis dos meios de comunicação nos países da Pátria Grande, onde tem sob seu controle poderosos empórios midiáticos, em conluio com outros norte-americanos e europeus.
Umas recentes declarações do ex-presidente brasileiro Lula da Silva em São Paulo, sobre a necessidade de transformar a imprensa no gigante sul-americano, estremeceram novamente como um verdadeiro terremoto os setores conservadores desta região, que não querem perder o domínio da informação, ou melhor dito, da desinformação e da manipulação.
Exemplos de mudanças já se repetiram em nações como a Argentina, Equador e Venezuela, nas quais se puseram em vigor normativas que regulam o domínio dos meios de comunicação de mais recursos financeiros sobre os de menos, enquanto em outras como o Peru e agora o Brasil apenas se comentaram a respeito, resultando em sismos de grandes proporções.
O certo é que a direita na América Latina de posse dos principais jornais e emissoras de TV e rádio, os utiliza como partidos políticos, e verdadeiras “armas atômicas” para desacreditar governos, tentar derrubá-los e enganar os povos.
Suas linhas editoriais são desenhadas em território norte-americano e em outros estados da Europa, como a Espanha, nos quais, entretanto, imperam regulações legais que permitem aos meios de comunicação “jugar con la cadena, pero no con el mono”, como reza um refrão popular (numa tradução literal: "jogar com a cadeia, mas não com o monopólio").
Enquanto em Madrid jornais como El País, El Mundo ou ABC, entre outros, têm restringida a publicação de matérias sobre as violentas repressões policiais contra manifestações anti-governamentais, a imprensa latino-americana manipula imagens e mente constantemente acerca de terroristas opositores disfarçados de “pacíficos estudantes” na Venezuela.
Na realidade El País e seus similares fazem o que não lhes permitem fazer na Espanha, quando se trata da Venezuela, Equador, Argentina, Cuba, Bolívia e Nicarágua, para citar algumas nações da Pátria Grande, consideradas “adversárias” por Washington e seus aliados.
Vale recordar que esse cotidiano, junto a ABC e El Mundo, respaldou sem escrúpulo algum o frustrado intento de golpe de Estado contra Hugo Chávez em 2002, e outros mais recentes perpetrados em Honduras e Paraguai.
Seria um suicídio para seus donos e acionistas se a imprensa madrilenha ou a norte-americana, como a TV CNN em espanhol, apoiasse um complot destinado a destronar os regimes de turno de La Moncloa ou da Casa Branca.
Ao contrário, na América Latina, em nome da alardeada e falsa liberdade de expressão, os grandes meios de comunicação em mãos da direita ofendem os presidentes, os acuam e promovem planos subversivos, orquestrados no Pentágono ou na “culta” Europa, para derrocá-los.
Um deputado venezuelano denunciou faz poucas horas que mais de 80 jornais da região distorcem a realidade da Pátria de Chávez para conseguir derrubar do poder o Executivo constitucional do presidente Nicolás Maduro.
Por seu lado, Lula em suas declarações afirmou que é hora de regular o exercício da imprensa no Brasil, porque não só atentam contra as políticas oficiais, como também ofendem o próprio país, o que não se permite em outras sociedades chamadas democráticas, em evidente alusão aos Estados Unidos e no denominado Velho Continente.
Tradução: Jadson Oliveira
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