O jornalista Glenn Greenwald (Foto: Internet) |
“Os Estados Unidos têm capacidade
de espionar e interceptar cada chamada telefônica num país e conhecer seu
conteúdo, e ainda podem armazenar e ouvir quando quiserem”.
Do jornal argentino Página/12, edição de ontem, dia 30
Os
documentos de Edward Snowden estão seguros e bem guardados. Assim assegurou
Glenn Greenwald, o jornalista a quem o ex-técnico da Agência de Segurança
Nacional estadunidense (NSA) confiou toda a informação sobre o plano mundial de
espionagem massiva. O governo dos Estados Unidos tem o objetivo de “obter e
guardar todas as comunicações que ocorrem no mundo, não apenas as que têm a ver
com a segurança nacional ou o terrorismo”, como o demonstra “a espionagem”
sobre celulares em Bahamas, México, Filipinas e Kênia, disse o ganhador dum prêmio
Pulitzer.
“Os Estados
Unidos têm capacidade de espionar e interceptar cada chamada telefônica num
país e conhecer seu conteúdo, e ainda podem armazenar e ouvir quando quiserem”,
disse Greenwald, que se encontra na Espanha para promover seu livro Snowden - Sin un lugar donde esconderse
(Edições B). “Obviamente México ou Bahamas não têm nada a ver com o terrorismo,
que é a justificativa normal dos Estados Unidos para seu sistema” de espionagem,
explicou.
O México é
um país “de grande interesse para os Estados Unidos por ser fronteiriço”,
declarou ao acrescentar que “a ideia de que há tráfico de droga num país não
significa que se possa escutar e gravar todas as chamadas telefônicas”. Greenwald
desmentiu informações aparecidas em diversos órgãos de comunicação, segundo as
quais ele se dispunha a publicar uma lista com milhares de nomes de pessoas
espionadas por Washington, mas garantiu que vai centrar em “alguns casos que ilustram o propósito
do sistema de espionagem e como funciona”.
Perguntado
sobre WikiLeaks, do também jornalista Julian Assange, que publicou numerosos telegramas de notícias e
documentos diplomáticos confidenciais de Washington, Greenwald esclareceu que ele
atua de forma diferente com os documentos de Snowden, já que o ex-técnico dos
serviços secretos estadunidenses quis sempre “fazer as coisas de forma diferente”.
Ao lhe confiar os documentos confidenciais – “eletronicamente guardados” –,
Snowden “queria que informasse sobre este material de forma jornalística (...);
o acordo que fiz com ele é que publicaríamos o que realmente seja necessário
publicar” e “sem por em perigo gente inocente”, disse Greenwald. Ao explicar as
diferenças entre Assange e Snowden - o primeiro refugiado na embaixada do Equador
em Londres e o outro na Rússia -, Greenwald lembrou que este último trabalhava
para o governo dos Estados Unidos e considerou que se ele regressa a seu país,
onde é acusado de traição, não teria um julgamento justo. “Querem que ele volte
para encarcerá-lo para o resto de sua vida”, assinalou. “Me consta que agora há
gente no governo (estadunidense) inspirada em Snowden”, acrescentou Greenwald.
Tradução:
Jadson Oliveira
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