“Se existe algum ideólogo é o povo equatoriano, que soube decidir o que quer.” (Foto: Página/12) |
René Ramírez, secretário
(ministro) da Educação Superior: antes ele foi o titular da Secretaria Nacional
do Planejamento e Desenvolvimento, motor da chamada Revolução Cidadã. Por este
motivo, vozes opositoras ao governo de Correa o classificam de “ideólogo da
revolução”.
Matéria do jornal argentino Página/12, edição de 17/05/2014, com o
título “Há convergência social” (o título acima é deste blog)
O Equador
conseguiu democratizar o acesso à educação universitária, historicamente a
serviço da elite. Com estas palavras, o secretário (ministro) da Educação
Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação do país, René Ramírez, resumiu as
transformações que estão ocorrendo na área educativa. “O país tomou a decisão
de passar da economia dos recursos finitos à economia dos recursos infinitos,
que é a do conhecimento. Conjugamos o acesso à educação com a qualidade e a
excelência, contra os que dizem que sempre um desses fatores vai em detrimento
do outro”, assegurou a Página/12 o secretário equatoriano, em visita a Buenos
Aires. Na sua visão, a educação é o fator chave para o modelo de
desenvolvimento dum país. “O acesso à educação sempre esteve reservado para as
elites. Para um determinado projeto político e econômico a gente tem de se
perguntar qual é o projeto econômico que está por trás. E no neoliberalismo o
projeto educativo está a serviço da formação de certos grupos”, agregou.
O governo
do presidente Rafael Correa, no poder desde 2007, empreendeu uma “revolução”
educativa que avalia constantemente docentes e alunos e que busca garantir a
inclusão daqueles setores com menos recursos. “Antes, nove de cada 10
universidades faziam exame de conhecimento para ingresso (vestibular), e
obviamente quando se faz isso com pessoas que vêm da zona rural torna-se
impossível a entrada. Nós mudamos a maneira de avaliar um exame de aptidões,
que mede o nível cognitivo no processo de valoração numérico e verbal, o que
demonstrou que os pobres tiram as mesmas notas que os ricos. O que faltava,
então, eram oportunidades”, assinalou Ramírez.
O governo
também ampliou o sistema de bolsas para os alunos mais pobres, que recebem uma
remuneração básica de 340 dólares mensais para que se dediquem exclusivamente a
estudar. No entanto, esta reforma encontrou resistência em partidos opositores,
sindicatos docentes, universidades privadas e na Igreja Católica. “Fechamos 14
universidades particulares que não cumpriam os mínimos padrões de qualidade.
Tínhamos um sistema de educação superior mercantilizado, com finalidades de
lucro e excludente, totalmente autárquico, quer dizer, à margem do que o país
necessitava para seu desenvolvimento. Claro, tivemos problemas com a educação
básica porque estava metida na partidocracia. O MPD (Movimento Popular
Democrático, de esquerda) tinha o sindicato dos professores – a União Nacional
dos Educadores, UNE – e a Faculdade de Filosofia”, explicou.
Parte da
oposição e a UNE desacreditam as mudanças no campo educativo argumentando que a
Constituição de 2008 proíbe as greves nas escolas públicas. “Em seu artigo 326,
a Constituição garante o direito de greve e de organização. Porém existem serviços
que garantem direitos que impedem que eles sejam paralisados. E quando um direito
vai em detrimento de outro direito, vai contra o bem comum”, disse Ramírez.
Continua
em espanhol:
Antes de desempeñarse en su cargo actual, Ramírez fue titular de la
Secretaría Nacional de Planificación y Desarrollo (Desenvolvimento), desde
donde aplicó el Plan Nacional de Desarrollo (Desenvolvimento), pieza
fundamental de la llamada Revolución Ciudadana. Por este motivo, algunas voces
opositoras al gobierno de Correa lo tildan (o classificam) de “ideólogo de la
revolución”, algo de lo que Ramírez no parece hacerse cargo. “Este proceso
responde a demandas sociales de una transformación radical del país y al tedio
de la población por cómo se llevaba a cabo antes la política. Hemos ganado diez
procesos electorales. Es decir, si es que existe algún ideólogo es el pueblo
ecuatoriano, que ha sabido decidir qué es lo que quiere y cuáles son sus
aspiraciones”, afirmó.
Ramírez defendió los logros del gobierno y, sin despegarse del discurso
oficial, destacó los avances sociales. “Lo que ha pasado en Ecuador es algo
único en su historia: se tiene reducción de la pobreza y de la desigualdad. Hay
también una reducción de la polarización económica, y esto se mide a través del
decil más rico dividido por el decil más pobre. Se tiene una mejora en el
desarrollo humano, el tercero a nivel mundial. Hay convergencia social, porque
los estratos más pobres son los que más crecen a mayor velocidad respecto de
los más ricos. Tenemos hoy, en consecuencia, una sociedad más cohesionada”,
apuntó. Pese a esto, reconoció que es un “insatisfecho” porque el gobierno de
Correa estará en deuda (em dívida) “mientras (enquanto) existan pobres”.
Durante la entrevista, el secretario se refirió a la falta de una moneda
propia como una traba para el pleno desarrollo de Ecuador (a moeda do país é o
dólar estadunidense). “La dolarización ha sido una camisa de fuerza para la
política económica del país. No podemos salirnos porque sería muy costoso en
términos sociales y económicos. El punto es que a pesar de tener la economía
dolarizada hemos hecho bien las cosas en el sentido de manejar una política
macroeconómica contracíclica”, sostuvo, y remarcó un avance significativo en la
redistribución de la riqueza.
Ramírez admitió que la lucha entre el gobierno y grupos concentrados de
poder ha sido dura, pero aclaró que era necesaria para aplicar el programa del
oficialismo (das forças governistas). “Hemos desarrollado una propuesta que
busca cambiar (mudar) las correlaciones de fuerza. Si maquilláramos esas
correlaciones, no podríamos traducir esas transformaciones en resultados. Uno
de los temas que tenemos que batallar es el de la ingeniería institucional del
país. Porque si algo hizo bien el neoliberalismo es construir un andamiaje (uma
estrutura) institucional y normativo que podía canalizar la construcción de su
proyecto. Lo más complicado ha sido la creación de nuevas leyes, porque en esas
leyes están los intereses de los diferentes grupos”, concluyó.
Entrevista: Patricio Porta
Tradução:
Jadson Oliveira
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