COLÔMBIA: ESPIONAVAM O PRESIDENTE SANTOS E AS FARC



Santos “provavelmente” sofreu a interceptação de seus correios eletrônicos, disse o procurador (Foto: Página/12)
A Procuradoria colombiana descobriu uma sala de espionagem e conta com dados de que foi interceptado o chefe de imprensa das FARC em Havana. Também, um correio institucional do governo nacional e os e-mails de dois jornalistas cubanos que cobriam o processo de paz.

Matéria do jornal argentino Página/12, edição de hoje, dia 7

A Procuradoria colombiana descobriu em Bogotá uma sala de interceptações ilegais de correios eletrônicos que tinha como objetivo sabotar o processo de paz entre o governo e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Também se havia espionado o presidente Juan Manuel Santos, segundo informou ontem o organismo. “A finalidade desse escritório, a finalidade das pessoas que estão vinculadas com essa ação criminosa, era sabotar e interferir no processo de paz em Havana”, disse o procurador geral, Eduardo Montealegre, em entrevista coletiva. A operação foi investigada por duas dezenas de agentes do Corpo Técnico de Investigação (CTI, órgão investigativo da Procuradoria) em dois imóveis situados numa zona de escritórios do norte de Bogotá na tarde da segunda-feira, trabalho que se prolongou até a manhã da terça. Nestes registros os agentes capturaram uma pessoa identificada como Andrés Fernando Sepúlveda, que será imputado por delitos de espionagem e interceptação de dados.

Ademais, a entidade está investigando se neste escritório de espionagem foram interceptados correios de Santos, o que o procurador considerou “provável” após encontrar as primeiras evidências disso. Ainda que o presidente não tenha se pronunciado sobre este novo caso de suposta espionagem contra ele, o ministro do Interior, Aurelio Iragorri, foi o primeiro membro do gabinete a se referir ao assunto. “Estamos no rastro do chefe das interceptações ilegais, o que fica claro é que não é a polícia nem o exército os que estavam nesse tipo de ações, o importante é que se chegue ao fundo destas investigações, pois é algo gravíssimo para a segurança nacional”, afirmou. O procurador advertiu que ainda está por estabelecer para quem trabalha Sepúlveda, que foi posto à disposição das autoridades e quem expressou seu desejo de colaborar com a Procuradoria para conseguir eventuais reduções de sua pena.

Este caso recorda Andrómeda, uma fachada de inteligência militar registrada pela Procuradoria no início de fevereiro, através da qual eram espionados os negociadores do governo no processo de paz em Havana e jornalistas que cobrem tais negociações. Semanas depois as autoridades confirmaram que pelo menos duas mensagens da conta do correio pessoal de Santos haviam sido interceptadas por desconhecidos, o que o presidente atribuiu a “motivações políticas” por sua campanha para reeleição no pleito de 25 de maio.

Por sua vez, o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, sustentou que a Colômbia pediu colaboração a quatro países para tratar de esclarecer a origem da espionagem: Espanha, Inglaterra, Coreia do Sul e Israel. A Procuradoria disse em fevereiro que investigaria esse caso de espionagem contra o primeiro mandatário. Até agora não se fizeram públicos os resultados dessa investigação. Não é a primeira vez que se denuncia que um presidente colombiano é vítima de espionagem. Em 2007 se revelou num meio de comunicação uma conversação telefônica privada do então presidente Álvaro Uribe (2002-2010).

Continua em espanhol:

Montealegre se apuró (apressou) a aclarar que en este caso “no se trata de un órgano de inteligencia del Estado, que no es una oficina (não é um escritório) de inteligencia estatal, que no se trata de un organismo de fachada de la inteligencia militar o (ou) de policía o (ou) de la fuerza pública colombiana”. Señaló que la fiscalía (a Procuradoria) cuenta con “datos de que fue interceptado el jefe de prensa de las FARC en La Habana, además de un correo institucional del gobierno nacional, y el de dos periodistas (dois jornalistas) cubanos en La Habana que cubren el proceso de paz”.

Desde fines de 2012 el gobierno de Santos y las FARC adelantan en Cuba un proceso de paz para tratar de poner fin a casi 50 años de confrontaciones entre las partes. A raíz del primer caso de espionaje, las FARC dijeron sentir “gran desconfianza” y acusaron a la inteligencia militar de pretender afectar las conversaciones de paz, aunque decidieron seguir negociando con miras a lograr un acuerdo que ponga fin a un conflicto armado.

Pero Santos salió a hablar ayer (ontem) sobre los acuerdos de paz. Afirmó que el gobierno no tiene una fecha (data) límite para la paz, meta que según él está en juego con su reelección. Aun así, el mandatario prevé que a finales de este año se pueda lograr un acuerdo concreto con el grupo guerrillero. “No tengo fecha límite (data limite), lógicamente que las circunstancias van desgastando los procesos, la gente se va cansando y el proceso va perdiendo legitimidad, yo esperaría que este año terminemos esta negociación”, afirmó Santos.

Como una forma de responder a quienes quieren hacer fracasar los acuerdos, el presidente aseveró que existe un “buen ritmo” en el proceso de paz. “Creo que sí hay voluntad en la contraparte y tengo que reconocer que posiblemente este año al final podamos llegar a un acuerdo”, dijo, aunque advirtió que se levantaría de la mesa si comprueba que no hay voluntad de paz. Destacó varios avances y dijo que espera terminar el tercer punto de negociación de drogas y cultivos ilícitos, para dar inicio al tema de las víctimas y entrar en la recta final del controvertido proceso de paz.

Tradução: Jadson Oliveira

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